Por Gustavo Asdourian, sócio-fundador da Guardian Gestora
Daniel Kahneman ganhou o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas de 2002 pelo seu notável trabalho sobre a influência da psicologia nas decisões de investimento. Seu trabalho vai na contramão da teoria de mercados racionais e, assim, aponta para distorções de julgamento (Viés) e também para o processo mental que busca simplificar decisões difíceis (heurística). Muitos conceitos se desenvolveram a partir de seu trabalho e de seu bestseller Rápido e Devagar – Duas Formas de Pensar, que aborda o pensamento intuitivo e emocional vs o lógico e racional.
Talvez o conceito psicológico mais conhecido e polêmico seja o Viés da Ancoragem, quando o investidor fica excessivamente focado em uma informação de pouca relevância para o sucesso do investimento como, por exemplo, o Preço Médio; todos conhecem o efeito manada; o Viés da Familiaridade explica por que o investidor procura ativos mais conhecidos evitando, por exemplo, investimentos em outros países ou produtos.
Volatilidade e a Aversão à perda em janeiro de 2023
A partir do ano que vem, o investidor em renda fixa será colocado à prova em alguns de seus sentimentos. Uma resolução da Anbima determinou que, a partir de janeiro de 2023, bancos e corretoras disponibilizem os valores de títulos públicos e privados (CRIs, CRAs e Debêntures) marcados a mercado. A famosa volatilidade vai aparecer na carteira de diversos investidores que, até então, viam o valor destes ativos “na curva”. Infelizmente, alguns perceberão perdas em suas carteiras. O sentimento de Aversão à perda influenciará tanto o mercado de Renda fixa quanto de outros produtos de renda, como os FIIs. Agora que estes ativos de renda fixa apresentarão volatilidade, antecipo que investidores compararão os Yields de seus papéis de Renda Fixa com os Dividend Yields dos FIIs – inclusive FIIs de CRIs. O investidor experimentado em FIIs não será pego de surpresa.
Quebrando o viés da familiaridade
Os assessores de investimento tiveram papel espetacular no desenvolvimento e disseminação de conhecimento nos últimos anos. Especificamente no mercado de FIIs, com aproximadamente 2 milhões de investidores, os assessores atuam no viés de familiaridade trazendo conhecimento e novos investidores para produtos diferenciados.
Alguns FIIs possuem soluções modernas e atuais que poderiam ser mais familiares aos investidores, como por exemplo a alavancagem – que traz muitos benefícios para os resultados e consequentemente para a distribuição de dividendos. O que é conhecido como Alavancagem Benéfica, deve ser realizada de maneira a casar as amortizações com o recebimento das locações, e assim alavancar a rentabilidade disponível para o investidor. A Alavancagem Benéfica é sempre autoliquidável, pois as parcelas das dívidas são pagas com o recebimento dos aluguéis, pelo prazo do aluguel.