Por Marcus Vinícius, BS Investimentos
Dados sobre inflação no Brasil, Estados Unidos e Europa surpreendem negativamente e os Bancos Centrais pelo mundo entram em semana de decisão sobre juros preparando suas armas para combater o aumento de preços.
Já dizem por aí: “o ano só começa depois do carnaval”… e não é que estavam certos? Começou mesmo e começou com TUDO! Que semana, meus amigos!
A semana iniciou com o mundo preocupado e atento às notícias que estavam chegando do leste europeu, aguardando ansiosamente por uma solução para os conflitos entre Rússia e Ucrânia. Mas infelizmente a solução ainda não veio e o receio sobre uma escalada das tensões só aumenta a cada dia que passa.
Além de toda destruição e tristeza que o conflito causa, outro impacto importante afeta o mundo: a explosão dos preços das commodities, principalmente do petróleo.
E se sobe o petróleo, os combustíveis ficam mais caros, que encarece o frete, que afeta o preço de alimentos, produtos, transportes e que causa inflação.
Inflação, por sua vez, impacta o juro, que aumenta o custo de capital das empresas, que não conseguem crescer e que, para sobreviver, precisam reduzir custo, demitir pessoas, que aumenta o desemprego e todo esse ciclo vira uma bola de neve batizada carinhosamente como ESTAGFLAÇÃO. Inflação + estagnação da economia.
Por isso acompanhamos a queda forte de alguns setores aqui e no mundo, como o varejo, construção civil, tecnologia, aviação e por aí vai.
Esse é o cenário que vem ditando o ritmo dos mercados aqui e lá fora.
Nos estados unidos, a inflação ao consumidor bateu recorde de 40 anos. Na Espanha, a inflação bateu um recorde de 35 anos também e aqui no Brasil, o IPCA de fevereiro subiu 1,01%, acima da expectativa do mercado.
E vem mais por aí…
Comentei sobre o aumento do preço do petróleo, mas você sabia que a Petrobras estava há 57 dias sem reajustar os preços dos combustíveis?
O reajuste veio esta semana. Aumento de 18,7% na gasolina e 24,8% sobre o preço do diesel.
De 5,8%, na média, a expectativa para inflação de 2022, segundo alguns economistas, saltou para 7,5%. Isso sem falar da volta dos boatos sobre uma possível nova greve dos caminhoneiros.
Com isso, o nosso índice Ibovespa fechou a semana em queda de 2,41%, aos 111.713,07 pontos.
Já o dólar caiu 0,48% na semana, cotado à R$ 5,0541, ainda pressionado pelo fluxo estrangeiro que segue forte para a nossa bolsa. Só em março, até o dia 09/03, o investidor estrangeiro já aportou R$ 8,44 bilhões.
Mas se essa semana não foi nada fácil para o investidor, a semana que vem não deve ser diferente.
Os conflitos no leste europeu continuam e os principais bancos centrais do mundo, incluindo o nosso, irão anunciar atualização sobre a política monetária.
Na terça-feira, a OPEP publica o seu relatório mensal, que pode conter a alta do petróleo caso anuncie aumento da oferta da commoditie.
O dia D é na quarta-feira, dia 16/03, quando o FED, banco central americano, se reúne e anuncia sua nova taxa de juros.
Jeromy Powell, presidente do FED, anunciou recentemente que iria indicar alta de 0,25% na taxa de juros americana, mas depois da inflação ao consumidor surpreender esse semana, já tem gente apostando na alta de 0,5% de novo.
Uma alta de 0,5% pode conter o fluxo estrangeiro que vem segurando a nossa bolsa, já que o investimento na economia americana, a maior do mundo, se torna mais atrativo, ainda mais em um cenário como o atual. Por isso, precisamos acompanhar de perto essa decisão.
No mesmo dia, mas depois do fechamento do mercado, por volta das 18 horas, é a vez do COPOM, o nosso comitê de política monetária, decidir sobre a nossa taxa de juros. O mercado espera que o COPOM suba a nossa taxa básica de juros em 1%, de 10,75% para 11,75%. Mas com a inflação acelerando, o mercado não descarta um aperto monetário ainda maior.
Pela importância dessas decisões, o rumo das bolsas pelo mundo deve ser definido na quarta-feira mesmo e, como comentei, a guerra no leste europeu só torna o cenário ainda mais incerto, já que uma definição da situação por lá, boa ou ruim, pode mudar tudo.
Outras assuntos para manter no radar: governadores recorrendo ao STF contra redução do ICMS sobre os combustíveis, greve dos caminhoneiros, Petrobras, fluxo estrangeiro e a reta final da temporada de balanços.
Descansem bem, meus amigos! O mercado vai precisar de vocês inteiros na semana que está chegando.