Por Paloma Brum, analista da Toro Investimentos
Por enquanto, tanto depósitos na antiga como na nova Poupança continuam perdendo para a inflação, visto que é esperado que o IPCA acumule um salto acima de 10%, em 2021. Para 2022, já estima-se um IPCA acima de 5%, rompendo o teto da meta para a inflação no ano, no Brasil. Com base nesta estimativa, os 6% de rendimento anual da antiga Poupança podem até ultrapassar levemente a inflação no ano que vem (em quase 1 ponto percentual), enquanto a rentabilidade da nova Poupança (70% da SELIC) tende a superar a inflação prevista para 2022, em cerca de 4 pontos percentuais, diante de uma SELIC entrando o ano em torno de 9,25% ao ano e, ainda, podendo ser mais elevada pelo COPOM. Contudo, vale lembrar que estamos em um período de pressão inflacionária global, com quebras ao longo de cadeias produtivas, com mais deterioração fiscal no Brasil e prestes a passar por um ano eleitoral no País, o que pode trazer muitas incertezas e impactar negativamente o desempenho do real face ao dólar, pressionando ainda mais a nossa inflação e elevando o IPCA acima do esperado. Dessa forma, as relações que mencionei de rentabilidade da Poupança versus o patamar de inflação podem variar.
Na hora de comparar a rentabilidade da Poupança com outras aplicações, é importante ter em conta que os rendimentos provenientes da Caderneta de Poupança são isentos de imposto de renda (IR). Dessa forma, quando comparamos o potencial desempenho de depósitos na Poupança com, por exemplo, investimentos em títulos Tesouro SELIC, ainda que na faixa mais alta de IR (22,5%), este tipo de aplicação tende a superar o desempenho da nova Poupança e com a vantagem de não precisar completar o mesversário, prazo que é necessário para obter o retorno da Poupança. Já no que se refere a papéis de renda fixa de instituição financeira (como um CDB) ou de emissão corporativa (como uma debênture), deve-se atentar ao IR e às taxas para entender se uma aplicação na Poupança poderá superar ou não a sua rentabilidade.