Além da carência de pessoal qualificado, a atividade de agentes autônomos de investimentos (AAI) enfrenta também uma defasagem no conteúdo exigido na prova de certificação da Associação Nacional das Corretoras de Valores (Ancord). A análise é do presidente da Associação Brasileira de Agentes Autônomos de Investimentos (ABAAI), Diego Ramiro.
“Não adianta somente fazer a prova e conseguir a certificação sem que a pessoa esteja preparada para atuar no mercado”, criticou Ramiro, também diretor da Miura Investimentos vinculada ao BTG Pactual.
Para Ramiro, a qualidade da formação do pessoal é um dos motivos que dificultam a capacitação de profissionais na atividade. Conforme observa, nem mesmo a certificação da Ancord atende às exigências do mercado.
“Acreditamos que ela deveria ser um pouco mais abrangente em relação aos temas, porque o mercado mudou”, disse. “Hoje o agente autônomo não é mais um operador de bolsa de valores; e a prova carrega mais sobre o mercado de renda variável quando muitos profissionais nem trabalham com isso. Ou seja, aborda questões que não estão mais no dia a dia do AAI”, acrescentou Ramiro, reconduzido à presidência da Abaai para os próximos dois anos.
Investimento de escritórios na capacitação
O presidente da Abaai observa ainda uma corrida de escritórios de AAIs para treinar pessoal internamente, já que o número de profissionais certificados está aquém das necessidades do mercado, que cresce embalado pelo aumento da procura por produtos mais rentáveis e pela disputa acirrada entre bancos e corretoras na atividade de AAIs.
“Muitos escritórios criaram uma área interna para formação de assessores para oferecer conhecimento tanto sobre vivências diárias como sobre a prova de certificação. É o caso da Miura. Hoje os escritórios estão criando um exército de assessores, mas ainda é pouco”, explica.
Conforme Ramiro, a Miura, por exemplo, destinará este ano 20% da receita para o treinamento de capacitação, cursos, palestras. “Eu brinco que desde que abri a Miura, em 2009, sempre tivemos vagas abertas e nunca conseguimos preencher totalmente as vagas”, disse.
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