Após o acréscimo de 1,5 ponto percentual da taxa de juro Selic na semana passada, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada hoje, indica que o juro básico da economia deve subir em ritmo mais acelerado para conter a inflação. A leitura é da economista-chefe Camila Abdelmalack da Veedha Investimentos.
Ela avaliou a ata e observou que o colegiado do BC considera um ritmo de elevação até superior a 1,5 ponto percentual “dentro de um consenso de que esse seria um ritmo apropriado” para convergir” a inflação para meta de 2022. Há oito dias, o BC elevou a taxa de juros Selic em 1,5 ponto, para 7,75% ao ano.
“Eles reforçaram a importância das reformas econômicas para uma melhor situação das contas públicas e de quanto isso impacta na taxa de juro estrutural da economia, uma vez que são iniciados questionamentos relevantes sobre o futuro do arcabouço fiscal”, avaliou.
Mercados emergentes
A economista avalia ainda que a ata do Copom considerou a decisão do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) de retirar estímulos injetados na economia desde o início da pandemia. Estima-se que foram aplicados US$ 120 bilhões ao mês em compras de ativos financeiros. A avaliação, entretanto, é de que a retirada desses estímulos deve piorar as bolsas e moedas emergentes.
“Estão falando de que as economias emergentes devem enfrentar um cenário mais desafiador em relação à condução da política monetária”, acrescentou. “Temos cenários na ata baseados nessas expectativas e que indicam que deveremos encerrar o ciclo (de alta do juro) em 2022, provavelmente no primeiro trimestre com taxa de juros de dois dígitos, ao redor de 11% ao ano”.
Segundo a analista de mercado, grande parte da inflação hoje vem de preços administrados, principalmente dos custos da energia elétrica.