Com a entrada cada vez mais forte dos bancos tradicionais no segmento B2C, o assessor de investimentos passa a contar com maior oferta de vagas no modelo CLT. Ao mesmo tempo, os escritórios e corretoras seguem gerando novas oportunidades para quem deseja atuar de modo autônomo para construir sua carteira. Diante desse cenário, surge a dúvida: qual opção escolher? Para ajudar a jogar luz sobre a questão, a CRC!News entrevistou Diego Ramiro, presidente da ABAAI (Associação Brasileira de Agentes Autônomos de Investimentos).
Na conversa, Ramiro fala sobre as vantagens e desvantagens de cada modalidade e traz dicas para quem está iniciando a carreira escolher o que mais se adequa ao seu perfil, bem como orientações para os profissionais mais experientes avaliarem se estão realmente no caminho certo.
Veja a entrevista a seguir.
Quais as vantagens do assessor de investimentos que atua como empreendedor?
A grande vantagem de atuar como empreendedor é que o céu é o limite. É um modelo em que se ganha de forma proporcional à sua eficiência e produtividade. Por outro lado, não há aquela segurança de um mínimo garantido. É preciso sempre correr atrás de clientes. Para seguir por esse caminho, é essencial ter um viés empreendedor. Precisa montar a própria carteira, que é o seu maior ativo. Além de ter chance de alcançar um repasse maior, também permite ter sociedade na empresa à qual se vincula. Pessoalmente, gosto mais dessa opção, pois entendo que em alguns casos o celetista acomoda. Não conheço ninguém que enriqueceu via CLT, todos os casos são pelo modelo empreendedor.
Quais as vantagens do assessor de investimentos que atua via CLT?
A grande qualidade do modelo CLT é a segurança. Apesar da profissão estar em crescimento, pouca gente conhece ainda. Então, principalmente no início da carreira, dá conforto de ter um salário fixo até que se consiga melhorar as competências e montar a carteira com paciência, sem queimar etapas. Também é uma opção que se enquadra bastante com aquele perfil de profissional que vem de uma empresa e quer estabilidade, como as pessoas que saem do mundo bancário. Nem todos tem mindset empreendedor, e isso não é um problema. Faz bem para o mercado ter as duas opções.
Os escritórios hoje não podem contratar via CLT. Como eles vêm trabalhando essa questão internamente? É possível ao assessor tirar férias, por exemplo?
Estamos vendo uma evolução dos escritórios. A grande questão para o assessor tirar férias era quem iria cuidar da sua carteira..Hoje, as grandes assessorias já conseguem criar uma estrutura de apoio para lidar com isso. Quando uma pessoa sai por algumas semanas, outra cuida dos clientes. Funciona como um acordo de cavalheiros, pois quem cuidou vai tirar férias em algum momento e deixar sua carteira com outro. Mas as condições do acordo variam. Em alguns casos quem sai de folga recebe comissões integrais. Em outros, separa-se uma parte como bônus a quem atende durante a ausência.
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Para quem busca maior segurança, é possível encontrar algo parecido com a CLT nos escritórios?
De forma geral, as vagas CLT estão nas corretoras e nos grandes bancos, como o Íon, do Itaú, a Ágora, do Bradesco, Santander AAA, Safra Invest etc. Nesse caso, é preciso contar com a certificação CPA-20 para atuar. Os escritórios trabalham com o modelo autônomo e exigem a certificação Ancord, mas alguns mais estruturados já conseguem simular uma remuneração fixa antecipando comissões. Isso costuma ser feito de forma temporária com quem inicia, para que tenha 12 ou 18 meses para aprender a captar e formar uma carteira. Quem não consegue nesse prazo, dificilmente fará com mais tempo.
Quais as dicas para o profissional que está iniciando na carreira escolher entre o modelo autônomo e o CLT?
O primeiro passo é olhar para suas características pessoais e o que você busca. Se o foco é no aprendizado e em fazer network, talvez a melhor opção para começar seja via CLT, porque a pessoa vai ter dificuldade em captar sem o conhecimento necessário. Já quem tem boa rede de relacionamento e perfil comercial pode partir para o modelo meritocrático. Outro ponto para ficar atento é a estrutura em que se está entrando. Às vezes, mesmo sem comissão fixa, há um suporte para aprender a captar, abrir conta, vender e operar.
E o profissional que já está no mercado, como identificar se não está no modelo errado e deve mudar?
Todo assessor sabe ou deveria saber quanto a carteira gera de receita para o escritório. A partir disso, deve-se considerar um horizonte de seis meses e fazer a conta para descobrir se não ganharia mais no outro modelo. Outro ponto é olhar para suas habilidades. Já vi bons assessores que não conseguem se desenvolver pois contam com talentos que não se refletem diretamente na carteira. Nesse caso, pode ser vantajoso ir para uma remuneração fixa e se dedicar apenas ao que faz de melhor.
Texto publicado na edição 51 da revista CRC!News, acesse e leia todos os destaques do mercado de assessoria de investimentos.