Com uma proposta de reunir em um mesmo fundo imobiliário uma série de operações de crédito na modalidade home equity, na qual o proprietário refinancia seu imóvel para levantar capital, a Kinea lançou no final de junho o FII Kinea Creditas. Com o ticker KCRE11, o produto foi criado em parceria com a Creditas, plataforma digital que atua no financiamento de imóveis e veículos.
Segundo Flávio Cagno, sócio e gestor de fundos da Kinea, por se tratar de um tipo de crédito ainda incipiente no país, uma das dificuldades para a criação estava em reunir um volume significativo de operações e depois seguir alimentando o fundo para garantir sua continuidade ao longo do tempo.
“A parceria com a Creditas foi fundamental nesse sentido, pois eles são especializados em home equity, oferecendo empréstimo para pessoas físicas que dão seu imóvel principal como garantia. Contar com o apoio de uma empresa que tem operação robusta e é originadora constante de novos créditos nos dá a segurança de ter um fundo perene”, explica em entrevista à CRC!News.
O FII encerrou sua captação no fim de junho, alcançando a marca de R$360 milhões e 3,5 mil investidores. Com cotas na faixa dos R$100 e retorno de 1,65% em dividendos no último mês, o produto é acessível a todos os públicos, e traz uma proteção ao investidor dentro de um cenário inflacionário, pois está ligado ao juro real mais IPCA.
“Por ser residencial, ele traz uma diversificação temática para quem está dentro dos FIIs por meio de imóveis comerciais. Dois anos atrás, os shoppings estavam todos fechados e seus ativos oscilaram bastante, mas esse tipo de fundo não estaria sujeito a este risco, por exemplo. É mais uma opção para compor a carteira do cliente e protegê-lo de cenários imprevisíveis”, exemplifica.
Segurança e diversificação
Dentre as vantagens do KCRE11, Cagno cita que os empréstimos concedidos se dão em montantes inferiores ao valor do imóvel dado como garantia, o que oferece boa proteção aos investidores. Além disso, as cotas foram estruturadas com diferentes níveis, sendo que a Creditas adquiriu as de maior risco, enquanto as demais foram disponibilizadas no mercado. “Este modelo traz uma proteção elevada para os investidores, e o fato de apostarmos apenas no conceito de financiamentos imobiliários individuais, sem misturar com outros tipos de ativo, também facilita a compreensão dos interessados”, completa.
O especialista acredita que essa modalidade de crédito deve crescer bastante no país, e o fundo deve ajudar na popularização tanto por levar o conceito de home equity ao conhecimento de mais investidores, quanto por permitir que novas operações sejam financiadas à medida em que as existentes são quitadas.
“O fundo acaba se transformando em um capital permanente, pois o dinheiro de quem paga é emprestado para novas pessoas. Há um ganho de longo prazo grande, pois o efeito multiplicador é significativo. Basta olhar para mercados mais maduros, como os Estados Unidos, onde o segmento é gigantesco, e o Brasil está caminhando nessa direção”, encerra.
Texto publicado na edição 44 da revista CRC!News, acesse e leia todos os destaques do setor.