Iniciada em novembro do ano passado, a onda de demissão na XP Investimentos continua. Atingidos pelos cortes, dezenas de colaboradores, que foram afastados recentemente, têm recorrido às redes sociais, em especial o Linkedin, para se queixar do tratamento dispensado pelo setor de Recursos Humanos e da falta do pagamento da participação dos lucros e resultados (PLR).
Dentro do universo do mercado financeiro, o bônus, como também é chamado o PLR, costuma ser pago em duas etapas. Um adiantamento no meio do ano, até setembro, e o restante, a depender do desempenho da companhia, no início do ano seguinte.
No caso da XP, uma parte, normalmente, é paga em agosto e a segunda em fevereiro. Mas essa prática pode ser alterada e depende de caso para caso e o que foi acertado com o colaborador.
Em janeiro deste ano, a empresa terminou o mês com 6.549 colaboradores, redução de 5,5% comparado a dezembro. Ainda em 2023, a projeção é de que as despesas totais, excluindo incentivos, fiquem entre R$ 5 bilhões e R$ 5,5 bilhões, valor comparável aos R$ 5,6 bilhões de 2022.
Vida das pessoas
“Esses funcionários que foram demitidos não receberam a PLR referente ao 2º semestre de 2022 e a empresa não esclarece qual foi a mágica para zerar PLR, o RH é incomunicavel só existe um email para falar recisao@xpi.com.br, que as respostas são padrão e pede para fala com o gestor e o gestor se também não foi demitido pede pra enviar o email e quem está aqui do outro lado fica como um idiota”, destaca um internauta, que diz ter atuado como senior Software Engineering da XP, até janeiro deste ano.
““Quem foi desligado em fevereiro desse ano recebeu o bônus normal e o restante??? Cadê??? Trabalhamos o semestre passado!! Eu por exemplo sai em 09/12/22. Um monte de colaborador que comprou esse sonho e está vivendo um terrível pesadelo. XP Inc. Vocês querem ser a maior corretora até 2025? Comece sendo uma empresa idônea e paguem seus funcionários! Brincar com a vida das pessoas não é brincadeira!”, afirma uma outra internauta, que também diz ter atuado com banker da plataforma.
“Entrei saudável, feliz e cheia de vontade, sai com burnout, ansiedade, remédios controlados e sem a PLR.”, diz uma internauta que teria atuado no setor de Compliance Analyst da XP Investimentos.
Ações
Alguns dos descontentes destacam que pretendem recorrer à Justiça para tentar receber o que teria sido prometido em relação ao PLR.
“Vou deixar aqui meu comentário pra quem quiser se unir por uma ação coletiva. Não cheguei a receber zerado, mas um valor muito abaixo, sem justificativa, sem transparência, sem respeito. Na XP Inc. PLR é complemento de salário porque o fixo é baixo. Eu já tomei a decisão de entrar com ação judicial”, afirma um profissional da área de marketing que deixou a plataforma no último mês de janeiro, após quatro anos na empresa”, afirma mais um dos internautas.
Sem férias
Nos posts publicados no LinkedIn, alguns dos internautas que se dizem ex-funcionários alegam que enquanto estiveram na empresa também tiveram que assinar férias compulsórias, sem poder se afastar das atividades.
“Sem contar as “férias” compulsórias que o RH te coloca, sem você poder tirar seus dias de férias, e fica em um banco de horas imaginário, que se você não fizer o controle, vai trabalhar 10 anos sem tirar uma semana. O RH te coloca de férias no sistema interno deles, sem você poder sair de férias”, destaca um ex-funcionário que atuou como coordenador da área técnica da plataforma até dezembro de 2022”, diz um deles.
Outro lado
Procurados pela reportagem, a XP diz em nota que cumpre rigorosamente a legislação trabalhista e que é considerada por diversas premiações do setor como um dos melhores lugares para se trabalhar e está à disposição para esclarecer qualquer dúvida.
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