Com uma aposta direcionada às empresas que estão fazendo a transição do mundo tradicional para as tecnologias digitais, a Fuse Capital criou nas últimas semanas um fundo de investimento com foco em web3, baseado em elementos como tokens e blockchain. Em sua tese, o produto aposta na evolução deste mercado para trazer alta rentabilidade aos investidores. No entanto, dadas as características do ativo, os riscos também são mais elevados.
Segundo Dan Yamamura, fundador da Fuse Capital, por se tratar de uma área altamente especializada, ainda não existe um fundo dedicado exclusivamente ao tema. “É algo que já está sendo explorado por algumas gestoras. Porém, é tão distinto em termos de características, oportunidades, dinâmica e risco, que faz grande diferença ser especializado neste assunto. Os processos de seleção de ativos não são comparáveis com o mundo tradicional, e o perfil de risco e retorno também é muito distinto”, aponta em entrevista à CRC!News.
Assim, a Fuse acredita que a expertise por eles acumulada pode fazer a diferença para os investidores. “No mercado brasileiro, não tem ninguém lançando como estamos nos propondo. Já criamos um fundo e tokenizamos parte das cotas. Isso nos deu um conhecimento de web3 muito grande. Além disso, alguns dos nossos sócios já trabalhavam nessa área de cripto e blockchain”, revela.
No caso do novo fundo, o foco será na chamada web2.5, ou seja, em companhias que fazem a mudança para o mundo digital. “São empresas que estão no meio do caminho. Elas usam a tecnologia web3, mas atendem às necessidades do mundo real. Essa fase transitória deve durar pelo menos cinco anos”, esclarece.
Os aportes no fundo serão limitados, em um primeiro momento, a investidores qualificados, com foco principal em family offices e clientes institucionais, cuja captação é mais trabalhosa. De acordo com Yamamura, metade dos ativos investidos estão no Brasil, enquanto a outra parte está no exterior.
“Construímos uma estrutura padrão em termos de fundo offshore de venture capital. Funciona por chamada de capital. As pessoas se comprometem a investir determinado valor, e serão chamadas ao longo de dois ou três anos conforme identificamos boas oportunidades”, esclarece.
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Janela de oportunidade
Apesar do momento difícil vivido pelos criptoativos, Yamamura acredita que é neste contexto em que se encontram janelas interessantes para investir. “ Estamos em um contexto muito oportuno, pois pagaremos menos para entrar do que se tomássemos essa decisão seis meses atrás. Mas acaba sendo um desafio captar, pois apenas os investidores mais sofisticados possuem esse raciocínio”, diz.
Sobre o papel do fundo na carteira dos clientes, o executivo aponta que trata-se de uma opção de longo prazo. “É algo para figurar como uma parte pequena na composição do patrimônio. No entanto, essa parcela pode render mais do que os outros 90% ou 95%, assim como também pode desaparecer. O risco e o retorno são elevados”, encerra.
Texto publicado na edição 62 da revista CRC!News, acesse e leia os principais destaques do setor.