Com quase 25 anos de atuação no mercado financeiro, apenas em 2019 Alexandre Wolwacz “Stormer” decidiu entrar de cabeça no mundo digital. Desde então, seu nome cresceu nas redes e hoje ele é uma das principais referências sobre trades no YouTube. Sócio-fundador da Liberta Investimentos, o especialista conversou com exclusividade com a CRC!News durante a edição 2022 da Expert XP.
Na entrevista, Stormer falou sobre a nova geração, que usa cada vez mais influenciadores digitais como fonte de informação para seus investimentos, e detalhou qual papel estas tecnologias podem desempenhar no trabalho do assessor, além de dar dicas para o profissional que deseja usar essas ferramentas a seu favor. Confira os detalhes a seguir.
Um estudo recente da Anbima apontou que boa parte da nova geração orienta seus investimentos por influenciadores digitais. Como você vê esse perfil dos novos investidores e como busca dialogar com eles?
Nos últimos anos o investidor mudou, antes ele buscava informação no jornal, em balanços de empresas ou mesmo ia atrás de dados técnicos na própria faculdade. Agora, a busca de informações sobre formas de investir passou a se concentrar muito nas redes sociais. Isso tem um lado positivo, que é uma maior capilaridade, com as pessoas tendo mais acesso a conteúdos ligados ao mercado financeiro por ser uma informação mais barata, mais acessível e que eles podem consumir no ritmo que acharem melhor.
Por outro lado, gera um problema de às vezes ter informações não muito adequadas ou mais corretas. A venda de ilusão, a venda de milhares de reais sendo feitos diariamente através de modelos altamente arriscados, acaba seduzindo pessoas mais jovens e levando elas muitas vezes para níveis de risco de alavancagem perigosos para quem está logo no início. Como tudo na vida, a gente tem um lado bom e um lado ruim.
Como sua atuação como influenciador dialoga com o trabalho do assessor de investimentos?
Entendo que a educação financeira talvez seja um dos pontos mais importantes para o desenvolvimento do nosso país no momento. As pessoas precisam compreender a necessidade de trabalhar melhor com o dinheiro, fazer com que o seu dinheiro renda e de maneira a trazer uma qualidade de vida melhor e, ao mesmo tempo, gerar reservas financeiras para momentos de crise, como a gente viu o recentemente na pandemia e que levou muitas pessoas a perder o emprego.
Por isso, invisto forte na ideia de divulgar conhecimento sobre como investir, como trabalhar o dinheiro, fazer com que ele renda melhor, como não se endividar tanto, como resolver os débitos, como preparar uma aposentadoria. Todos esses aspectos são fundamentais em termos de saúde financeira. É um trabalho difícil, de formiguinha, e que leva anos porque não podemos dourar muito a pílula. Temos que postar a realidade. E isso talvez seja o ponto mais importante e que demanda uma união com a imprensa e com as pessoas que trabalham na divulgação do conhecimento para todos se beneficiarem da maneira correta.
Qual papel as tecnologias digitais devem ter no trabalho do assessor de investimentos? No mundo em que vivemos hoje, é possível ser um bom assessor sem recorrer a estes recursos?
As redes sociais e mesmo a tecnologia passaram a agregar um nível de conhecimento técnico muito maior para o assessor. Hoje é muito mais fácil para o assessor encontrar resultados de uma empresa, de um determinado setor ou até mesmo resultados econômicos e com isso poder orientar seus clientes de maneira mais eficiente. Entendo que a função do assessor de investimentos é muito importante na medida que ele é a pessoa responsável por cuidar da saúde financeira do cliente, assim como o médico cuida da saúde física do paciente. Quando se tem mais informações disponibilizadas através de conceitos tecnológicos presentes hoje em dia e disponíveis para o assessor, isso facilita o trabalho.
Agora, ele tem que ter uma forma de se comunicar com o cliente. Isso pode ser por meio tecnológico, mas também pode acontecer através de uma comunicação mais individualizada, em que ele vai contatar os clientes através de ligações ou conferências online. Antes, era quase impossível um assessor de São Paulo ter um cliente importante na Bahia. Hoje se torna possível, pois o cara pode estabelecer reuniões e conferências online e conversar com ele em tempo real, transferindo as informações necessárias.
Na sua experiência pessoal, como foi essa questão de se tornar um influenciador? Foi uma necessidade ou uma evolução natural?
Em 2002 entendi que precisava começar a divulgar análise técnica, como entender o mercado, como entender a bolsa, e ali comecei a antiga Leandro Stormer, uma empresa focada em ensinar as pessoas a olhar gráficos e entender o mercado. Eram aulas presenciais, com turmas pequenas, para passarmos a maior quantidade possível de conhecimento. Depois, se transformou em treinamentos online. Agora, realmente o YouTube apareceu para revolucionar a forma como as pessoas aprendem. Hoje, elas procuram muito conhecimento através de vídeos curtos. Então precisei adaptar a forma de explicar o mercado para esse tipo de procura. Por isso decidi entrar no YouTube e no Instagram e começar a mostrar o conteúdo ali também. Basicamente é uma adaptação para a forma que a sociedade se comporta hoje.
Para finalizar, qual a dica você dá para o assessor que pensa em utilizar ferramentas digitais a seu favor?
Criar um conteúdo bom, sério e responsável. Sabemos que fazer algo que não seja sério pode produzir um apelo muito maior e um crescimento mais rápido, mas isso não é duradouro. Mantenha o foco em conteúdo íntegro, honesto, correto e que seja entregue em uma linguagem e em um meio de fácil acesso. Não adianta fazer o melhor conteúdo do mundo, mas numa plataforma que a pessoa não tem como acessar porque ela não faz parte daquilo.
Texto publicado na edição 46 da revista CRC!News. Acesse e leia as principais notícias do mercado de assessoria de investimentos.