Com uma estratégia agressiva, o TC, antigo Traders Club, se prepara para entrar no segmento de distribuição de produtos financeiros e fazer frente aos grandes players. A ideia da empresa é oferecer um serviço completo no mercado de capitais, aliando sua expertise em educação financeira e inteligência de mercado com a possibilidade de negociar ativos na própria plataforma. Para tanto, o TC realizou nada menos do que 12 aquisições desde o ano passado, e anunciou recentemente a compra da Dibran DTVM. Agora, aguarda autorização do Banco Central para começar a operar enquanto corretora. Além disso, planeja atrair as assessorias de investimento para o seu ecossistema oferecendo a oportunidade de acesso a uma carteira de clientes qualificada.
Reunindo 640 mil usuários cadastrados, o CEO do TC Investimentos, Pedro Henrique Feres, estima um potencial de R$100 bilhões na base de clientes da empresa caso essas pessoas passem a investir por meio da plataforma. “Somos uma das casas de análise mais procuradas. É um público muito qualificado e engajado que paga para estar aqui e receber nossos informes e relatórios. Porém, ele precisa sair para operar fora, e isso traz perdas em agilidade e praticidade. Agora vai ficar mais fácil, pois ele poderá fazer tudo conosco”, explica em entrevista à CRC!News.
Para Feres, os produtos existentes no mercado financeiro, como CDB, LCIs, ações e derivativos, são commodities, e o que diferencia a oferta são os serviços agregados. E, na sua visão, as plataformas existentes não reúnem os mesmos atributos de qualidade de variedade do TC. “Fizemos 12 aquisições recentes, e todas resultaram em produtos e serviços agregados. Nenhum concorrente tem isso. Contamos com diferenciais em termos de velocidade, inteligência, produtos com pegada diferenciada e habilidade para nos comunicarmos com todos os tipos de público, mas respeitando o perfil de cada um”, afirma.
O executivo vê o movimento de concentração de mercado promovido pelas grandes plataformas como uma oportunidade para que um novo player surja e ocupe o espaço de uma nova opção para os investidores. “XP e BTG nos fizeram o favor de comprar todo mundo. Admiramos o que construíram, mas o mercado brasileiro é muito grande e entendemos que eles abriram lacuna para uma terceira via. Quem tem capacidade em tecnologia, estrutura, equipe, caixa e sabe atuar nesse negócio na frente. Seremos uma corretora madura, com ecossistema diferente e transformador”, opina.
Leads qualificados
Sobre a estratégia para converter os mais de 640 mil usuários da plataforma em investidores, Peres acredita que o processo será algo natural, afinal tratam-se de pessoas que já estão dentro do ambiente da empresa, e contarão agora com uma nova opção na parte transacional. “Estamos muito convictos que eles vão fazer essa transição e trazer ativos de outras corretoras, além de também iniciar novas operações aqui dentro”, projeta.
E é justamente esse alto potencial de geração de leads qualificados que vem despertado a atenção do mercado de assessorias. De acordo com ele, muitos profissionais e escritórios encontram dificuldades em captar novos clientes com esse perfil. “Há um interesse colossal das estruturas B2B estarem aqui dentro e atuarem com a gente, desde aqueles com R$30 milhões de carteira até os de R$400 milhões. Vamos representar uma virada de chave para realizar o sonho dessas pessoas, pois elas ganharão acesso a um universo de investidores de alto nível sem a necessidade de ir para a rua”, aponta.
Sem entrar em maiores detalhes por questões estratégicas, Peres afirma que o TC terá um plano de negócios para atrair e reter as assessorias de modo que o movimento recente de migração entre plataformas não se repita com os futuros parceiros da empresa. “Estamos estruturando a melhor forma de amarrar isso e trazer os escritórios para crescer junto com a gente. O que posso adiantar é que será um modelo agressivo que vai nos permitir ser um dos líderes do mercado em um curto espaço de tempo”, diz.
Em busca de uma oferta completa
Desde o ano passado, o TC vem implementando uma política forte de aquisições visando construir uma oferta cada vez mais completa, que culmina agora com sua entrada no segmento de corretoras. Ao longo do período, comprou 100% da Sencon, plataforma de suporte para declaração das operações em renda variável no Imposto de Renda, da Abalustre, startup que viabiliza a adoção e integração de tecnologias para investimentos, da RIWeb/Prisma, empresa de tecnologia, comunicação e suporte na Relação com Investidores (RI), da Economatica, reforçando sua área de tecnologia para pesquisa e análise de dados, da CriptoHub, para ganhar espaço no segmento cripto, e da própria Dibran DTVM, hoje em processo de aprovação no Banco Central.
Além disso, o TC passou a ter participação na 2TM, holding que controla o Mercado Bitcoin, na Qooore, aplicativo norte-americano de investimentos com foco nas gerações Y e Z, na DXA Invest, primeira gestora digital em private equity do Brasil, na InvestAI, que potencializa ganhos com investimentos em renda fixa através da compra de títulos no mercado secundário das corretoras, na Sfoggia, consultoria tributária especializada na otimização fiscal e recuperação de impostos para empresas, e na Arko Advice e Arko Digital, companhias de inteligência de mercado e política.
Feres vê o movimento de aquisição da Dibran como uma oportunidade para acelerar o processo de inserir o TC no universo das corretoras. “Assim que sair a autorização do BC já poderemos plugar nossa DTVM em um parceiro com estrutura light e começar a operar. Temos uma equipe robusta e qualificada de TI, com 250 profissionais, mas não haverá necessidade de grandes investimentos em tecnologia. Estamos com uma estratégia enxuta para custo e focados em obter grandes resultados”, encerra
Matéria publicada na edição 40 da revista CRC!News, acesse e leia todos os destaques do setor de assessores de investimentos.