Com o avanço das tecnologias de inteligência artificial, muitas tarefas já podem ser executadas com o auxílio de robôs. No mundo dos investimentos não é diferente. Ao recorrer a algoritmos para analisar conjuntos de dados, selecionando automaticamente os ativos que o compõem e quais os melhores momentos para compra e venda, os fundos quantitativos trazem o futuro para dentro do mercado financeiro.
“As maiores vantagens dos fundo quantitativos são o uso de modelos matemáticos para atingir resultados a curto, médio e longo prazo e o uso de dados e pesquisas de anos atrás para tomada de decisão. Isso gera um padrão muito melhor”, explica Caio Tonet, head de renda variável da W1 Capital, em entrevista à CRC!News.
No Brasil, os fundos quantitativos ainda são pouco explorados, mas o mercado está se ampliando. Para Renato Naigeborin, sócio-fundador da EnterCapital, asset especializada neste tipo de ativo, os resultados apresentados pelos produtos devem ajudar a abrir caminho para que mais pessoas olhem para o nicho.
Em uma comparação com o boom dos produtos derivativos, ele lembra que havia uma diferença entre o desenvolvimento desse ambiente no Brasil e no exterior, e acredita que o mesmo deve acontecer com fundos quantitativos. “O próprio mercado está se corrigindo. Não somente aumentou o interesse por fundos quantitativos, mas está aumentando a oferta”, conta o gestor.
Múltiplas estratégias
Como todo tipo de investimento, fundos quantitativos também apresentam riscos. Para mitigá-los, eles operam com diversas estratégias, e cada uma delas passa por um backtest e é validada antes de ser colocada em prática. Quando algumas não vão bem, outras entram em ação e compensam, melhorando a performance. O fundo EnterCapital Turing, batizado em homenagem ao matemático e cientista da computação britânico Alan Turing. possui 29 estratégias.
“É um produto com potencial de descorrelação muito grande. Isso significa que, muitas vezes, vai gerar retornos positivos nos momentos em que o mercado ou outros fundos estão mal”, explica Renato. O mesmo vale para o oposto, ou seja, pode não performar tão bem em momentos em que o ambiente está tranquilo.
Diretor comercial da EnterCapital, Artur Ignarra é o responsável pelas parcerias com as gestoras que distribuem o Turing e por orientar os assessores sobre o funcionamento do fundo. Ele explica que, ao longo de dois anos e meio, fez videocalls, podcasts e apresentações para ajudar a disseminar essa modalidade de investimento.
“É um trabalho mais de longo prazo para as pessoas entenderem como funciona e verem que os fundos têm uma performance muito boa e correlação baixíssima. Também contamos com parceiros tentando ajudar nessa divulgação”, relata.
Produto sofisticado
O head de alocação da Davos Investimentos, Luís Felipe Melo, conta que a maior parte procura por fundos quantitativos no Brasil se dá por parte dos clientes mais sofisticados. “É um investidor que já está há mais tempo no mercado financeiro, olha para fora e procura o que tem pouco no Brasil”, diz.
Luís entende que a estratégia quantitativa cabe muito bem no portfólio dos clientes de acordo com o perfil de cada investidor. “A grande vantagem é tirar a emoção humana e alguns vieses comportamentais, além de eliminar possíveis erros de algum gestor”, declara.
No escritório da W1 Capital, os sistemas quantitativos são usados para diminuir a volatilidade de portfólios. “É possível alocar esse tipo de recurso nas carteiras de todos os perfis de investidores. Outra grande vantagem é aumentar a segurança e o retorno do portfólio”, completa Caio.