Especialista de investimentos vê potencial movimento “das placas tectônicas” no mercado em função dos desafios macroeconômicos
O ano de 2022 será de desafios para os investidores em meio à persistência da inflação mundial e ao risco interno de incertezas fiscais e período eleitoral. Essa é a leitura de gestores de fundos de investimentos que participaram do painel “Proteja seu patrimônio investindo no exterior”, no primeiro dia do InvestSmart, o maior evento da área de investimentos do Rio de Janeiro.
Participaram desse debate Daniel Celano, CEO no Brasil da multinacional Schroders, e Bernardo Queima, CEO da Gama Investimentos, sob a mediação de Walter Fogolin, Head de Produtos da InvestSmart.
Celano comparou as potenciais oscilações do mercado internacional este ano ao movimento “das placas tectônicas” em função dos desafios macroeconômicos. Dessa forma, ele sugeriu a diversificação do portfólio de investimentos com ativos internacionais, como fundos multimercados, para que o investidor possa diminuir os “solavancos” e a volatilidade do mercado.
Cautela
No Brasil, por exemplo, Celano citou as incertezas na área fiscal, alta da inflação e o ano eleitoral. Para ele, os maiores efeitos das eleições no mercado devem acontecer a partir de abril. Já no cenário internacional, ele destacou a alta dos juros do Federal Reserve (Fed) para conter a maior inflação das últimas décadas.
“Percebo que teremos de ter paciência este ano porque tem muita coisa mudando ao mesmo tempo”, analisou. “Uma coisa é falar que o ambiente lá fora está muito tranquilo, todo mundo comprando risco, enquanto no Brasil tem eleição. Outra coisa é perceber que tem chacoalho aqui e chacoalho lá fora”, acrescentou.
Conforme Celano, os fundos multimercados “com retorno absoluto” têm mais facilidade de se adaptarem às oscilações internacionais. No caso de investidores com mais conhecimento de mercado e que investem na B3, Celano sugeriu ainda exposição externa em renda variável, pelo menos um terço (1/3) do portfólio. Ou seja, diversificar a carteira com ativos de setores inexistentes na Bolsa brasileira, como saúde e tecnologia, defendeu.
“No Brasil a única certeza que temos é de que enfrentaremos crises, a questão é não ter como mensurar o tamanho de cada uma”, avaliou Celano.
Inflação nos EUA
O CEO da Gama Investimentos, Bernardo Queima, também defendeu a diversificação da carteira de investimentos e chamou a atenção para persistência da inflação nos EUA sob a influência da alta dos salários dos trabalhadores em tempos pandêmicos.
“Já conhecemos esse enredo no Brasil, quando os salários sobem (a inflação sobe junto). Acho que os EUA estão passando por isso. A inflação tende a ficar persistente… e tudo dependerá do passo que o BC americano adotará na taxa de juros”, analisou.
Na avaliação de Queima, a diversificação do portfólio de investimentos fará a diferença principalmente com aplicação nos multimercados. “É importante cruzar as fronteiras em busca de oportunidades lá fora”.