Com a percepção de que o mercado de investimentos de São Paulo já está bastante maduro e com um alto número de competidores, alguns players começam a voltar seus olhos para outras praças. Um exemplo é a Lifetime Investimentos, que vem promovendo um processo bastante agressivo de expansão, iniciando a operação em sete novas praças ao longo de 2022. Quatro delas já foram inauguradas (Porto Alegre, Campo Grande, Campinas e Cuiabá), enquanto as demais Curitiba, Rio de Janeiro e Belém) devem iniciar operação até o final do ano. A mais recente inauguração foi na capital do Mato Grosso, e busca explorar oportunidades geradas pelo agronegócio da região.
“Escolhemos Cuiabá pelo seu potencial. Mato Grosso é o estado que mais cresce nos últimos anos, com uma média parecida com a da China, de 6,4%. Boa parte disso é puxado pelo agro e por sua extensão territorial importante. Nosso objetivo é nos aproximar desses clientes e ter um relacionamento pessoal importante. Nesse sentido, ter um ponto regional é importante para levar nossa cultura, valores e qualidade de serviços”, resume Fernando Katsonis, CEO da Lifetime.
Com um posicionamento bastante segmentado e foco em clientes private, com capital acima de R$1 milhão, a assessoria acredita que existe um mercado importante a ser explorado no Centro-Oeste. “O agronegócio foi um grande consumidor de capital durante muito tempo. O produtor plantava, colhia, tinha lucro, e a forma de investir os recursos era sempre em terra. Nos últimos anos os valores subiram absurdamente, e temos visto que aumentou o capital disponível. Porém, eles estão desassistidos em seus estados, e acabam vindo até São Paulo para tratar de investimentos”, aponta.
Um dos desafios para aproveitar todo este potencial está em aproximar o agro do mundo de investimentos. Para Katsonis, trata-se de um público bastante focado no dia a dia da sua produção e, por conta disso, existe uma assimetria na maneira como a informação chega até ele. Mas o executivo acredita que o cenário vem se tornando mais favorável aos poucos.
“Demos passos importantes para facilitar o acesso às informações sobre investimentos nos grandes centros, mas esse processo ainda não ocorreu no interior. Porém, hoje estamos entrando em uma segunda geração desses produtores. Seus filhos foram estudar fora, se formaram, e trazem uma bagagem de conhecimento maior para entender a importância de diversificar o portfólio”, aponta.
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Desafios e oportunidades
Um dos grandes desafios da Lifetime para ampliar sua presença no país está em encontrar boas opções de mão de obra nas novas praças. Segundo Katsonis, o mercado foi muito estimulado nos últimos tempos com promessas de ganhos elevados e fáceis entre os assessores de investimento, o que favoreceu a entrada de maus profissionais.
“É muito difícil encontrar gente qualificada fora dos grandes centros. Para suprir isso, temos buscado sempre um líder local que entenda a cultura da região. Após passar pelo nosso processo seletivo, ele faz um treinamento de cerca de 60 dias antes de assumir na nova sede. Também procuramos mandar um ou dois profissionais daqui para reforçar o time. Além disso, centralizamos boa parte da operação de backoffice”, explica.
Sobre os próximos passos, o executivo destaca que a sede de Curitiba deve ser inaugurada em uma semana e a de Belém em 15 dias. “Recentemente, criamos uma estrutura para clientes com capital acima de R$50 milhões e também investimos no multi family office. O cliente hoje está muito mais exigente, e quem não agrega um atendimento amplo fica pouco competitivo. Estamos levando um serviço diferente para essas praças, e acreditamos que esse é o nosso diferencial”, encerra.
Texto publicado na edição 56 da revista CRC!News, acesse e leia a edição completa.