De olho na tendência de alta da demanda mundial por alimentos, puxada principalmente pela China, e no crescimento da participação do agronegócio no PIB nacional, a Davos, escritório de agentes autônomos, vinculado à XP, com sede em São Paulo, quer fortalecer o braço de pessoa jurídica (PJ), criado há um ano, também com investidores rurais.
“O agronegócio é um setor extremamente relevante”, analisa Sergio Martins que assumiu essa área na Davos em setembro do ano passado, como Managing Partner. “Nós estamos olhando o desempenho desse mercado também”, declarou ele.
Martins destacou o salto da participação do agronegócio no PIB para 26,6% em 2020, ante 20% em 2019, cuja tendência é de alta. “Hoje o Brasil atende mais de um bilhão de pessoas no mundo pelas exportações de alimentos. Esse é um setor bastante desenvolvido no Brasil”, observa o economista, com 25 anos de carreira no sistema financeiro, dos quais os últimos 12 anos na Diretoria de Produtos do Citibank.
Fiagro
Martins quer ampliar a carteira agrícola da Davos, hoje com 16 a 18 empresas rurais, principalmente pelo Fiagro, que ainda aguarda a regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O Fiagro é um fundo de investimentos criado em março deste ano com o intuito de proporcionar a qualquer pessoa física ou pessoa jurídica acesso aos investimentos do agronegócio.
Martins compara o Fiagro aos fundos de investimentos imobiliários, chamados de FIIs, com significativa adesão de investidores, e destaca que o novo fundo agrícola democratizará os investimentos do campo.
“O Fiagro é um fundo composto de CRAs, como são conhecidos os certificados de recebíveis do agronegócio. São emissões (de dívidas) de produtores rurais que se estruturam dentro de um fundo e que deverão democratizar esses investimentos para pessoas físicas com aplicações a partir de R$ 100,00”, diz. “Esses negócios serão extremamente positivos para ampliar mais o acesso de empresas do agronegócio, como agroindústrias, aos investimentos”.
Presença em regiões rurais
Com uma carteira de R$ 3 bilhões em ativos de custódia sob gestão, dos quais R$ 500 milhões de pessoas jurídicas, a Davos tem presenças físicas nas principais áreas agrícolas do Brasil, como na região Sul, que tem uma base sólida de cooperativas agrícolas nas três capitais, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis; no interior de São Paulo, o foco é Campinas. Já no Centro-Oeste, a principal produtora de grãos do País, Martins informa que hoje os clientes da região vêm sendo atendidos pelos profissionais de São Paulo. A expectativa da Davos é ampliar a gestão de investimentos para R$ 5 bilhões no próximo ano.
“O atendimento ao agronegócio requer um conhecimento técnico e específico para atender investidores rurais, porque o agronegócio tem muitas particularidades, como a sazonalidade de safras como soja, milho e café; e o clima”. Segundo ele, a Davos vem fortalecendo ainda mais equipes, com profissionais com vasta experiência no mercado, para atender o setor.