Totalizando R$205 bilhões em emissões de janeiro a setembro, as debêntures vem atingindo valores recordes no Brasil em 2022. Segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), a alta no volume foi de 25,6% em relação ao mesmo período do ano passado. A CRC!News foi a campo para entender os motivos por trás do bom momento destes ativos e também para levantar quais os desafios para ampliar ainda mais este mercado no país. Confira.
Eduardo Cester, assessor de investimentos da Ipê Investimentos, escritório vinculado à Necton
Na última semana, a Anbima anunciou que a emissão de debêntures bateu recorde em 2022. A que se deve este bom momento?
A pandemia iniciada em 2020 foi um momento que trouxe retração aos investimentos e freou a expansão das empresas como um todo. Após a retomada da normalidade no mercado, essas empresas necessitam de crédito para voltar a crescer. Dessa maneira, o setor de debêntures foi uma das alternativas escolhidas para captação de recursos com melhores taxas e prazo de pagamento.
Apesar do bom momento, o mercado de crédito privado ainda é pequeno no Brasil na comparação com outros países. Quais os desafios para se desenvolver mais o setor?
Acreditamos que com o desenvolvimento de mais casas de rating, auxiliando na precificação do risco de crédito, o mercado possa se expandir e apresentar mais volume de negociações.
O governo recentemente anunciou a isenção de IR para não-residentes em crédito privado. Qual a importância desta medida para estimular este segmento?
A isenção de Imposto de Renda para os investidores não-residentes têm o potencial de trazer um bom fluxo de dinheiro do exterior, facilitando a entrada de outras moedas e fomentando o mercado de crédito nacional.
Gillmor Monteiro, CEO da Boa Vista Investimentos, escritório vinculado ao BTG
Na última semana, a Anbima anunciou que a emissão de debêntures bateu recorde em 2022. A que se deve este bom momento?
O mercado de dívida aumentou principalmente por conta da capilaridade. O assessor tem levado para os clientes produtos cada vez mais sofisticados. Com isso, as pessoas sentem a necessidade de sair da renda fixa comum e ir para a estrutura de dívida. Além disso, este produto oferece uma taxa de juros mais alta, o que aumenta o apetite.
Apesar do bom momento, o mercado de crédito privado ainda é pequeno no Brasil na comparação com outros países. Quais os desafios para se desenvolver mais o setor?
Ganhar cada vez mais capitalidade. Por mais que tenha sido um recorde de emissão, ainda há baixo nível de oferta. Há muito produto ruim no mercado, o que também dá uma freada no interesse. Tem cliente que já me falou que, em um país onde ninguém paga ninguém, falta coragem para emprestar. Precisei explicar que se tratava de uma empresa de capital aberto da qual ele já era acionista. Mas a baixa qualidade, o baixo volume e esse sentimento de insegurança atrapalham.
O governo recentemente anunciou a isenção de IR para não-residentes em crédito privado. Qual a importância desta medida para estimular este segmento?
É mais importante para as empresas que estão emitindo do que para o investidor nacional. Aumenta o leque de potenciais compradores e os emissores passam a contar com um grande volume de investimentos de fora. São pessoas com acesso a uma poupança relevante e é um público mais familiarizado com este produto do que o brasileiro.
Texto publicado na edição 57 da revista CRC!News, acesse e leia a edição completa.
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