Reunindo ativos com ratings independentes e que atendem aos requisitos de uma metodologia ESG, a Rio Bravo lança o primeiro fundo de investimento em infraestrutura da B3 a receber a chancela IS (Investimento Sustentável) da Anbima. Sob o ticker RBIF11, o FI-Infra chega ao mercado com a proposta de oferecer um hedge natural à inflação, graças à presença de debêntures incentivadas indexadas ao IPCA, além de apostar na resiliência do setor de infraestrutura em momentos de crise.
De acordo com Victor Tâmega, gerente sênior de Infraestrutura e gestor do fundo da Rio Bravo, os FI-Infras têm uma regulamentação bastante conhecida, o que facilita entendimento e gestão dos investidores. No entanto, este produto específico conta com alguns diferenciais, a começar pela metodologia ESG aplicada na seleção dos ativos.
“Temos uma taxonomia que limita a presença de projetos logísticos, como portos, aeroportos e rodovias, a 30% do total de investimento. Usinas termelétricas a carvão ou diesel também ficam de fora, sendo permitidas apenas as movidas a gás. Para entrar na carteira, os ativos ainda precisam atender a outros requisitos, como apresentar uma proposta de redução de gases de efeito estufa, ter potencial para elevar IDH da região e gerar renda e empregos na economia local, entre outros”, enumera.
Mais do que refletir uma preocupação com o futuro do planeta, os requisitos ESG também influenciam diretamente no retorno trazido pelos papéis. Para Tâmega, o interesse pelo tema vem crescendo bastante depois da pandemia, que levou as pessoas a repensarem o consumo e fez com que muitos fundos e gestoras grandes do exterior se posicionassem a favor de recomendações de investimento que levam em conta a sustentabilidade.
“Há uma mobilização forte do público profissional e institucional, e isso começa a se refletir no público em geral, incluindo o Brasil. Como os investimentos em infraestrutura são de longo prazo, o ESG minimiza risco de seleção adversa, prevenindo problemas ambientais, licenças que podem vencer e outros fatores que podem impactar negativamente no preço futuro”, explica.
Outro diferencial trazido pelo produto está no fato de todos os seus ativos apresentarem ratings independentes. A decisão foi tomada para deixá-lo mais atrativo aos fundos de pensão. “Para as entidades de previdência complementar esse é um fator importante, pois elas têm um orçamento limitado para créditos sem rating. E isso acaba beneficiando também os demais investidores. Ter uma chancela de classificação de risco traz mais clareza e transparência para a visão do gestor”, afirma.
Aposta no infra
Na avaliação do gestor, uma série de características históricas e geográficas colocam o Brasil em uma posição de destaque quando o assunto é infraestrutura, tornando o setor promissor para os investidores. “Somos talvez o país que tenha o maior pipeline de projetos vastos e básicos que precisam ser feitos. Antes, quem assumia esse papel de financiar o segmento era o BNDES com taxas subsidiadas. De uns anos para cá, no entanto, ele mudou o seu papel, passando a estruturar leilões e concessões. E isso vem abrindo espaço para o mercado de capitais ingressar de forma crescente”, afirma.
Até o momento, o RBIF11 reúne 390 cotistas e conta com uma captação bruta de R$32,4 milhões distribuídos por 20 ativos, incluindo portos, rodovias, projetos eólicos, solares, de telecomunicação, entre outros. “Neste momento de pressão inflacionária na casa dos dois dígitos, quem investe em debêntures incentivadas e indexadas ao IPCA vai ter hedge natural para a alta dos preços. Além disso, o segmento infra tem um comportamento menos cíclico que acaba amortizando a carteira em momentos de crise”, resume.
Texto publicado na edição 47 da revista CRC!News, acesse e leia os principais destaques do setor de assessoria de investimentos.