A última semana foi marcada por um aquecimento para All Together, com um giro de bate papo com os principais apoiadores do evento que vai colocar na mesma mesa representantes da XP, BTG, Guide, Modal, Necton. As palestras acontecem de forma presencial na próxima quinta e sexta-feira, em São Paulo. Os debates também serão transmitidos online.
Apenas como um aperitivo do que vem por ai, no aquecimento realizado nos últimos dias surgiram diversos temas que conversam diretamente com o dia a dia do assessor de investimento e traz para a arena reflexões sobre o momento e o futuro do todo o ecossistema do setor AI.
Confira abaixo os principais trechos das lives conduzidas por Erich Decat, fundador da CRC!News, e Roberta Santoro, fundadora do Mercado In Foco, organizadores do All Together.
Terça-feira (12)
“Temos trabalhado na reformulação do exame tomando todo o cuidado”
Orlando Jr/Ancord:
Entre os assuntos abordados por Orlando Jr, gerente de certificações e credenciamento da Ancord, o crescimento exponencial no número de assessores de investimento é o que mais o anima para as mudanças que estão por vir.
Se, até o momento, o número de profissionais é de 19 mil, o gerente estima que no final do ano serão 25 mil certificados pela Ancord. “Até agora já foram realizados seis mil exames, e com uma taxa de aprovação de 50%, já são 3 mil novos profissionais”, ressaltou Júnior na live.
O dirigente destacou que a entidade também vai acompanhar o movimento das outras certificadoras do setor que têm atualizado os seus respectivos exames. O tema foi matéria de capa da revista CRC!News no último dia 15 de maio, quando foram abordadas as mudanças realizadas pela Planejar na prova do CFP®.
“Temos trabalhado na reformulação do exame tomando todo o cuidado para não acontecer erros e trazer algo mais voltado para a atividade de assessor. Estamos trazendo um pouco das experiências das empresas contratantes e escritórios para que a prova gere valor agregado”, explicou o convidado.
A tendência é de o novo exame ser executado a partir do começo de 2023.
Quarta-feira (13)
Chico Amarante: O AI 4.0 também poderá fazer recomendações
Na conversa com o superintendente da ABAAI, Chico Amarante, ele pontuou que a nova resolução da CVM vai muito além das questões que envolvem o fim da exclusividade e a possibilidade da entrada do sócio investidor no setor.
“Há um detalhe muito importante no artigo terceiro da minuta da nova resolução que diz que o profissional poderá recomendar ativos, na casa a qual é vinculado”, destacou.
O artigo mencionado por “Chico” é o que define qual é a abrangência da atividade dos AIs. O parágrafo único do artigo terceiro da minuta diz que a prestação de informações aos investidores inclui “as atividades de suporte, orientação e recomendações de investimento inerentes à relação comercial com os clientes”.
O texto da CVM estabelece, contudo, que o assessor de investimentos deixe claro o seu vínculo com o intermediário a que está vinculado. Além disso, as recomendações devem ser compatíveis ao perfil do cliente.
No entendimento do dirigente da ABAAI, em se mantendo o texto da minuta, o setor poderá caminhar para uma unificação dos papéis do assessor de investimentos e do planejador financeiro.
“Esse é um pequeno detalhe muito importante, que faz muita diferença. Porque, até então, o assessor legalmente constava como um tirador de pedido, muito embora, na prática, ele usasse a carteira recomendada da corretora, na qual está vinculado para sugerir alocações aos clientes. Agora oficialmente, o assessor vai poder fazer esse tipo de recomendação. Esse é um passo importante para que amanhã, quem sabe, ele vire um gestor patrimonial… Esse é um detalhe muito importante que pode ser o pontapé inicial para o surgimento do assessor de investimentos 4.0”, ressaltou Chico.
Quinta-feira (14)
“Hoje, 67% dos assessores desistem nos oito primeiros meses de profissão”
Samyr Castro, conselheiro da InvestSmart
Durate o bate papo, Samyr Castro, conselheiro da InvestSmart, trouxe um dado surpreendente que tem sido alvo de atenção da empresa. Na profissão de assessor, 67% acaba desistindo desse mercado em até 8 meses. Samyr diz que esse é um problema que quer combater na raiz, criando uma área para atender às demandas dessas pessoas. “Nós sabemos que muitos desses 67% acabam entrando na profissão motivados por outras razões que não a que está alinhada ao seu propósito”. Ele ainda complementa dizendo que o que sente falta nesses profissionais é o foco e a determinação para dar certo na assessoria, muitos acabam confundindo a autonomia que essa área oferece com a liberdade. “Na InvestSmart queremos profissionais que sejam motivados pelo poder de pagar a conta de luz. Incentivamos nossos colaboradores a dar o próximo passo para que consiga abrir seu próprio escritório”, diz.
Sexta-feira (15)
“A tecnologia não vem para substituir o assessor, ela vem para empoderar”
Guilherme Assis, CEO da Gorila
No bate papo com Guilherme Assis, CEO da Gorila, o empresário destacou o papel da tecnologia no dia a dia do assessor de investimento, consultor e gestor. No entendimento dele, a tecnologia hoje é uma ferramenta que pode servir como um diferencial para os profissionais na hora de atender os clientes, principalmente aqueles que detém um ticket alto.
“Para nós está muito claro que a tecnologia não vem para substituir o assessor, consultor ou gestor. Ela vem para empoderar, porque investir é algo social e o relacionamento é a parte mais importante do processo. Por isso, o escritório, o assessor, vai continuar tendo um papel central no mercado de distribuição principalmente quando falamos no ticket mais alto… a tecnologia vai entrar aí para ajudar a dar escala para o assessor, para ajudar o assessor a melhorar a experiência do cliente”, destacou Assis.
Criada em 2016, a plataforma recebeu no final do ano passado um aporte de R$100 milhões.
“O que percebemos, e vai em linha com a CRC!News, é que existe uma assimetria de informação muito grande entre os escritórios. Então, a ideia é poder difundir boas práticas, poder ajudar os escritórios com partnership, com governança, com benchmark”, pontou. “Em 2020, nós começamos esse trabalho de entrar nas operações dos escritórios para entender o que faz um escritório chegar à 10bi? O que faz romper a barreira de 1bi ?… Disso enxergamos uma oportunidade de fazer investimentos minoritários nessas operações e como isso ajudar os escritórios… e de forma independente. No final do dia, o Gorila não é uma corretora, não é uma instituição financeira, somos simplesmente uma empresa de tecnologia. Para nós não importa se o cara vai ficar grande na XP, no BTG, no Safra, cada uma tem uma fórmula”, ressaltou o CEO.
Segundo ele, em breve serão divulgadas novas parcerias que estão sendo estruturadas com diferentes players do setor. “Já anunciamos um investimento, mas queremos fazer cinco que serão anunciados em breve”, concluiu.
Texto publicado na edição 43 da revista CRC!News.