A Boa Safra Sementes e a Suno Asset lançaram na manhã desta segunda (8) o mais novo fiagro da B3. Sob o ticker SNAG11, o fundo tem como diferencial sua composição híbrida, que alia certificados de recebíveis com lastro na venda de sementes a uma parte imobiliária, destinada à compra de dois terrenos que serão alugados para a empresa. A expectativa é que o fundo tenha rentabilidade de CDI +3% e IPCA +8%, com um dividend yield anualizado na casa dos 14% já em 2022.
Na visão de Alexandre Costa e Silva, CEO do Grupo Suno, a iniciativa é positiva tanto para o agronegócio, que passa a contar com mais uma fonte de crédito, quanto para os investidores, que ganham acesso a um mercado antes restrito.
“A Suno busca levar informações e oportunidades que antes só os grandes investidores institucionais tinham. A lei que possibilitou os fiagros ainda é recente, e produtos como esse são uma forma de popularizar o tema junto ao investidor, além de levar maior educação financeira”, afirma em entrevista à CRC!News.
Criado em maio, o fundo estava disponível em um primeiro momento apenas para investidores qualificados e institucionais. Segundo Vitor Duarte, diretor de investimentos da Suno Asset, a opção de lançar em duas etapas se deu justamente para poder rentabilizar o investidor geral já no primeiro mês de compra.
“Se a gente lançasse direto na bolsa, iríamos passar dois ou três meses sem oferecer rendimentos. Como o mercado não está muito propício, focamos primeiro em obter o capital para colocar o fundo de pé, compramos e alugamos os imóveis e depois estruturamos a carteira de crédito. Só quando tudo isso estava resolvido tomamos a decisão de abrir para as pessoas físicas”, explica.
A necessidade de empresas do agronegócio captar recursos no mercado vem crescendo. No caso das sementes, por exemplo, uma série de avanços tecnológicos fez com que o preço desse item passasse a pesar cada vez mais no orçamento da safra. E como no agro o retorno do investimento só vem com a colheita, que muitas vezes demora mais de 100 dias, o crédito se torna um mecanismo fundamental para movimentar o setor.
“Antes só vendíamos sementes à vista, mas com o fundo abrimos a possibilidade de negociar a prazo também. Pelo lado do investidor, poucas pessoas têm condições de comprar uma fazenda, então o fiagro é uma oportunidade acessível de fazer parte desse setor que é tão forte para a economia nacional”, completa Marino Colpo, CEO do Boa Safra.
Agro pede passagem
O SNAG11 é o 18º Fiagro da B3 e o quarto fundo da Suno listado em bolsa. Criada há cerca de um ano, a modalidade é relativamente nova no mercado nacional, mas já começa a ganhar popularidade, reunindo cerca de 60 mil investidores.
“O Fiagro é a reforma agrária que deu certo, pois dá condições da população participar da riqueza que o agro produz. O Brasil alimenta o mundo, e quanto mais financiarmos, maior será a produção e a riqueza gerada no país”, completa Tiago Reis, fundador da Suno Research.