O setor passou por vários movimentos de fusões e aquisições nos últimos meses, mesmo em plena pandemia. Parte dos acordos fechados tiveram como características a sinergia entre as áreas dos escritórios, complementaridade de portifólios e expansão territorial.
Na análise de Miguel Vieira, líder de M&As na Peers Consulting, o movimento de “complementaridade” entre os escritórios também é consequência do boom de investidores que buscaram alternativas e diversificação de produtos durante a crise sanitária.
De acordo com a B3, o volume de contas ativas passou de 1.681.033 no encerramento de 2019 para 3.147.040 no final de 2020.
“Muitas pessoas tentaram pegar essa onda de valorização que teve depois da grande queda. Acho que o que acabou contribuindo foi a migração de pessoas que estavam acostumadas com agências, bancos tradicionais e foram para bancos digitais e escritórios de investimentos. Também teve um fechamento de agências bancárias e muitos profissionais acabaram migrando para os escritórios”.
Choques
Um dos reflexos das fusões e aquisições entre os escritórios de investimentos foi o choque entre os grandes players do setor o que na avaliação de Vieira é saudável.
“Existem disputas bem conhecidas. É saudável. Acabou que a BTG foi buscar alguns escritórios grandes da XP. Em alguns casos o BTG conseguiu levar e veio com um modelo de sociedade. Com isso a XP teve que reagir, teve que buscar novos modelos de parceria e sociedade, para manter grandes escritórios de agentes autônomos”, considerou.
Para o representante da Peers Consulting, há ainda espaços para novas aquisições, fusões e consequentemente trombadas entre os grandes.
“Acredito que vamos ter movimentos em todos os níveis. Escritórios menores com uma boa carteira, mas sem um portfólio tão grande de produtos e de profissionais com qualificações vão acabar sendo incorporados por escritórios maiores. Além disso, o próprio BTG quer fazer um follow on das ações para captar mais dinheiro para seguir nesse processo de captação de agentes autônomos… acredito que o movimento continua”, ressaltou Vieira.
Duo diligencie
Diante desse cenário de continuidade de possíveis M&A, o especialista ressalta que antes de um escritório partir para essa estratégia é preciso uma análise criteriosa de dados.
“Muitos dados são públicos. Hoje já se consegue contratar algumas empresas de analytics que conseguem investigar essas empresas que você quer comprar, É preciso considerar o histórico de bom relacionamento com cliente. Também é importante ver se as pessoas que estão lá no escritório são qualificadas, se existe uma boa reputação perante os clientes. E claro, depois de assinar um contrato, fazer uma duo diligencie para poder de fato verificar se a tese faz sentido ao valor que está sendo proposto na transação”, destacou o especialista.