Por Antônio Sanches, especialista em investimentos da Rico.
- Mercados internacionais amanhecem em queda, nesta sexta-feira, no último pregão de outubro. Com resultados abaixo da expectativa divulgados ontem após o pregão, as preocupações com a alta da inflação e possível aperto monetário, com retirada de estímulos à economia, voltou aos holofotes.
- As gigantes de tech americanas Apple e Amazon reportaram ontem receitas abaixo do esperado devido aos problemas com a cadeia de produção, escassez global de semicondutores (os chips de computadores e smartphones) e altos custos de mão-de-obra, criando um sentimento negativo nos mercados. Com isso, os futuros do Nasdaq caem 0,86% nesta manhã.
- Os dados do PIB do último trimestre mostraram crescimento um pouco abaixo das projeções, com contribuições reduzidas dos investimentos e estoques. Do lado positivo, os dados de consumo das famílias tiveram aumento expressivo no período, especialmente em serviços.
- Hoje ao longo do dia, mais indicadores relevantes da economia americana serão divulgados, com destaque para o deflator das despesas de consumo pessoal (PCE), a medida de inflação preferida do banco central americano, o Fed.
- O Banco Central Europeu anunciou ontem que vai manter as taxas de juro de referência sem alterações, e reforçou que o programa emergencial de compras de ativos, que estimula a economia local, permanecerá até, no mínimo, março de 2022. Segundo a presidente do BCE, Christine Lagarde, a pressão inflacionária é, no geral, transitória, ainda que a persistência da alta de preços esteja maior do que se esperava inicialmente.
- O índice de preços ao consumidor (CPI) da Zona do Euro, divulgado nesta manhã, apresentou variação anual de 4,1% em outubro, acima das expectativas, e atingiu o nível mais alto desde julho de 2008. Enquanto isso, o PIB da região teve bons resultados, reforçando o quadro de recuperação da atividade econômica, ainda que com ritmos diferentes entre países.
- O mercado encerrou em alta, impulsionado por novos pagamentos de juros da dívida bilionária da Evergrande, o que tem tranquilizado o mercado chinês em relação ao risco de calote da gigante imobiliária chinesa.
- E o risco fiscal? No Brasil, o resultado primário do governo central (saldo de receitas menos despesas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) em setembro veio acima das expectativas, ainda refletindo os números robustos de arrecadação tributária.
- Vale lembrar que não são os resultados fiscais de curto prazo que estão guiando o comportamento do mercado nas últimas semanas: enquanto os dados positivos do Tesouro Nacional eram divulgados ontem, o mercado estava voltado para a Câmara dos Deputados, onde a votação da PEC dos Precatórios foi novamente adiada, elevando ainda mais a percepção de risco fiscal no país.