Por Antônio Sanches, especialista em investimentos da Rico
- Os mercados globais iniciam essa manhã sem tendência definida, enquanto os investidores aguardam a decisão do FOMC (Comitê de Política Monetária do Banco Central americano, o FED), hoje às 15h.
- O Fed deve anunciar seus próximos passos, e espera-se o anúncio do início do fim do programa de compra de ativos no mercado (o tão falado tapering), o primeiro passo para a normalização de suas políticas de estímulo à economia. Ou seja, o primeiro passo para a redução da liquidez (verdadeira “chuva de dólar”) implementada pelo Banco Central americano desde o início da pandemia.
- As previsões de consenso sugerem que o banco central reduzirá suas compras em US$ 15 milhões por mês, o que significa que o processo de redução gradual será concluído em oito meses. Assim, as atenções se voltam para o que será falado pelos diretores do FED (especialmente seu presidente, Jerome Powell) sobre a situação da inflação no país, além de qualquer sinalização sobre quando poderemos esperar a primeira alta da taxa básica de juros por lá — que segue em 0% – 0,25%.
- Falando em taxa de juros. O tema também é assunto quente na Europa, onde os mercados seguem de olho na decisão do Banco da Inglaterra em relação a sua taxa de juros, visto que a inflação acelera no país. O dado recente do PMI de outubro (índice de gerentes de compras, bom termômetro da atividade econômica) recuou na Zona do Euro, entretanto segue em campo expansionista, indicando crescimento na região.
Mesmo assim, a preocupação com os gargalos na cadeia de suprimentos e problemas logísticos que aumentam os custos de insumos seguem como principal obstáculo para o crescimento e redução da inflação. - Na Europa está acontecendo a Cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as mudanças climáticas de 2021, a COP26. Nesse evento, que se encerrará em 12 de novembro, serão discutidos planos para lidar com a crise climática por meio da cooperação internacional. O evento pode impulsionar o tema de carbono neutro e ESG, além de abrir oportunidades para o Brasil nesse mercado.
- Os mercados retornam do feriado de terça-feira após uma alta de 2% no nosso principal índice da Bolsa (Ibovespa) na segunda-feira. Por aqui, a divulgação nesta manhã da ata da última reunião do Copom (documento que dá mais detalhes sobre a decisão do nosso Comitê de Política Monetária) sinalizou que o Banco Central pode acelerar mais o ritmo do aumento da taxa básica de juros caso considere necessário para controlar a inflação. Ou seja, confirmando que vem mais alta na taxa Selic por aí.
- Desde a última reunião, houve alta considerável dos preços internacionais de commodities energéticas (como petróleo e gás natural). Essa alta é sentida ainda mais por aqui, por conta da nossa moeda desvalorizada (afinal, são todas cotadas em dólares no mercado internacional). Essa combinação foi o principal fator para o Comitê esperar preços mais elevados tanto para 2021 quanto para 2022.
- Banco Central de olho no teto de gastos. E do lado fiscal, apesar de os resultados das contas públicas terem vindo positivos nos últimos meses (ou seja, no curto prazo estando até melhor do que o esperado), o Comitê do Banco Central entende que as discussões sobre mudanças na regra do teto de gastos para acomodar maiores gastos públicos aumentam o risco de a inflação ficar ainda mais alta nos próximos anos.
Isso porque, quando se trata de juros e inflação, a expectativa de quem determina os preços finais ao consumidor (desde um pequeno prestador de serviços até um grande produtor) é essencial para, de fato, determinar a inflação no futuro. Com maiores gastos do governo, muitos já assumem que a inflação seguirá alta para frente.