Hoje, a gente amanhece com as bolsas lá fora no negativo. Então, o futuro dos Estados Unidos caindo na casa de 1%, Europa caindo na casa de 7%, isso em um movimento de aversão ao risco dos investidores por conta da escalada das tensões entre Rússia e Ucrânia. Então, a agenda Global está voltada para esse conflito geopolítico e o que a gente vê é que o mercado de fato permanece em modo de aversão a risco, com a declaração recente do presidente russo, o Vladimir Putin, em que ele reconheceu a independência de duas regiões separatistas no leste da Ucrânia.
E com isso, Putin afirmou que iria enviar tropas de paz para essas regiões. Com essas tropas já em solo ucraniano, o que a gente vê são dois cenários possíveis: primeiro, de separação e anexação de territórios separatistas em um processo similar ao que ocorreu na Crimeia; e o segundo, que seria um ataque maior com intuito de derrubar o governo ucraniano. Apesar deste segundo cenário ser considerado pouco provável, a escalada nesse conflito amplia a possibilidade de que ele venha ocorrer e nesse movimento, a gente já viu aí que as expectativas que o ocidente tinha de uma resolução diplomática para o conflito já se deterioraram, e também o ocidente já prometeu reagir com sanções econômicas. Então, embaixadores da União Europeia se reuniram para discutir um plano de sanções em resposta à medida de Putin, enquanto que o Reino Unido disse que também vai colocar sanções à Rússia.
Nesse clima tenso, vale a pena ressaltar que por enquanto o Kremlin disse que não deve cortar o gás para a Ucrânia e para Europa. Então, a gente não vê ainda essa medida do lado da Rússia, mas essa possibilidade não pode ser descartada, dado que o jogo diplomático tá bem tenso e teve essa ele ampliação da disputa, agora com as tropas russas em solo ucraniano.
Em frente a todo esse temor, a gente já tem acompanhado a volatilidade das commodities e muito por conta dessa crise da fronteira entre Rússia e Ucrânia que coloca em risco a distribuição do petróleo. Ele já atingiu a máxima em 7 anos nessa madrugada, chegou $97.7 dólares barril, e a preocupação se justifica muito na medida que a Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo e responde por aproximadamente 12% da oferta Global da commodity. Então, todos os países atentos às escaladas das tensões.
Aqui no Brasil não foi diferente. Apesar de ontem ter sido feriado nos Estados Unidos, né, foi um dia de menor negociação e baixa liquidez, aqui no nosso mercado também. Mas, mesmo assim, a gente viu reverberar esse clima de aversão a risco. Então, o Ibovespa fechou a segunda-feira em queda de 1%, nos 111.7 mil pontos. Ao longo do dia, ele chegou a oscilar entre 111 e 113, mas com uma escalada das tensões globais, ele fechou no negativo. O que segue um movimento que tá de alguma forma ignorando essas tensões externas é o dólar.
Então, o dólar ignorou e caiu mais uma vez perante o Real, ignorou as tensões externas e teve um movimento de queda. O dólar a gente sabe que é um ativo seguro, então, entenderia se valorizar neste momento de aversão a risco, mas ele vem ignorando as tensões muito por conta de um fluxo de capital externo que tem vindo para o Brasil. Então, ativos domésticos atraindo o investidor estrangeiro. E aí vamos lembrar que a gente seria uma alternativa aos investimentos em uma visão de investidor global à Rússia, então até pela exposição às commodities para alguma similaridade no nível de desenvolvimento das economias, o Brasil ele seria uma alternativa para tirar o capital da Rússia e colocar no Brasil. Então, com isso, a gente tem visto o dólar caindo e o nosso real se beneficiando . Ontem ele encerrou em queda de 0,6% e hoje já segue o movimento, caindo mais 0.4%, nos R$ 5,08 – é o menor valor desde julho do ano passado