Nas últimas semanas, as dificuldades enfrentadas por governos de diferentes partes do
mundo para conter a inflação vêm levantado entre os analistas a possibilidade de uma
recessão global. A CRC!News conversou com especialistas do mercado para entender
os riscos de essas previsões mais pessimistas se concretizarem, e de que maneira uma
eventual retração afetaria o Brasil e o mundo dos investimentos.
Segundo João Baptista Peixoto Neto, CEO da Ouro Preto Investimentos, as chances de
haver uma contração na economia são grandes, pois o mundo enfrenta “uma
tempestade perfeita”. “Na América Latina temos governos que tendem a adotar políticas
de pouca responsabilidade fiscal.
A Alemanha corre o risco de parar por falta de energia. Temos a guerra da Rússia que não se sabe qual rumo irá tomar e gera pressão em todo o continente por conta das sanções e do número de refugiados. E a China, que era a locomotiva do planeta, está perdendo o fôlego depois de 30 anos de crescimento”,
resume.
Já sobre os Estados Unidos, Peixoto destaca o fato de a dívida do país estar batendo
150% do PIB e a necessidade de se aumentar os juros para conter o avanço da
inflação. “Isso deve jogar os ativos para baixo e fazer o passivo explodir. Acho que a
recessão é inevitável, só não sabemos o tamanho nem quanto vai durar.
Os governos botaram muito dinheiro em circulação e aumentaram a liquidez naquele primeiro
momento em que as pessoas estavam em casa consumindo menos, o que
desorganizou as cadeias produtivas. A escalada dos preços não veio imediatamente,
mas surgiu como uma bolha dentro da bolsa”, explica.
Já Sávio Barbosa, economista-chefe da Kinitro Capital, também vê indícios históricos e
estatísticos na direção de uma queda da atividade. “O precedente mais próximo foi em
1980, quando o Fed elevou os juros a 14% e causou dois anos de recessão. Além
disso, sempre que os EUA tiveram inflação acima de 5% e desemprego abaixo de 4%,
que é o cenário atual, a economia entrou em recessão nos dois anos seguintes. Uma
moderação da alta dos preços sem retrair a economia seria algo inédito”, destaca.
Confira a íntegra na Edição 42 da revista CRC!News desta semana.