A Lojas Americanas entrou na tarde desta quinta-feira com um pedido de recuperação judicial na comarca do Rio de Janeiro.
Desde o anúncio do rombo no último dia 11, a empresa já perdeu quase 80% de valor de mercado. As suas ações chegaram a valer menos de R$ 1,80, enquanto seu preço era superior a R$ 12,00 no dia anterior à publicação.
Os advogados da varejista apontam que o valor total da dívida é de R$ 43 bilhões. O número de credores chega a 16.300.
No documento, os representantes da Americanas destacam que, caso o processo de recuperação judicial não seja aceito de imediato, há o risco de uma paralização das obrigações empresarias. Isso afetaria, por exemplo, o pagamento de fornecedores e funcionários.
“Todo o caixa da empresa vem sendo dragado por instituições financeiras detentoras de créditos contra o Grupo Americanas sujeitos aos efeitos desta recuperação judicial”, afirmam. “O risco, então, caso não seja deferido o imediato processamento desta recuperação judicial, é de um absoluto aniquilamento do fluxo de caixa do Grupo Americanas, o que impedirá o cumprimento de obrigações diárias indispensáveis ao exercício da atividade empresarial, tal como o pagamento de fornecedores e funcionários”, emendam.
Debandada
Na petição, os representantes do grupo também destacam que logo após a divulgação do rombo, houve uma debandada de alguns credores, mesmo sem que houvesse base legal.
“Vale salientar que, menos de 6 horas depois da divulgação ao mercado do fato relevante, em 11.1.2023, sobre as inconsistências nas demonstrações financeiras da Companhia, alguns credores, sem qualquer embasamento contratual ou legal, já haviam declarado o vencimento antecipado das obrigações da companhia, alguns assenhorando-se de valores bilionários, fechando as portas para qualquer tipo de negociação amigável viável”, dizem os advogados.
Ainda pior
Segundo os representantes legais da empresa, a situação ficou “ainda pior” após os rebaixamentos de rating da Americanas, pelas agências de classificação de risco.
“Tanto a queda no valor das ações como o rebaixamento dos ratings pelas agências de classificação de risco deixaram os credores financeiros das Requerentes em polvorosa, o que foi determinante para que os bancos se recusassem a celebrar operações de adiantamento de recebíveis de cartões de crédito, o que poderia gerar um caixa adicional superior a R$ 3 bilhões necessários para que as Requerentes pudessem manter a sua operação de curto prazo”, afirmam no documento.
Investigação
Por fim, os advogados das Americanas citam que ainda é cedo para apontar os responsáveis pelo rombo e que foi criado um conselho independente. Ele será formado por profissionais de alto gabarito e reputação, cujo papel será justamente investigar e apresentar suas conclusões aos acionistas, ao mercado e à sociedade em geral.
Os escritórios de advocacia Basilio Advogados e Salomão Kaluca Raposo Cotta representam as Americanas na petição.
Processo nº 0803087-20.2023.8.19.0001.
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