Por Alexandre Lohmann, economista-chefe da Constância Investimentos
Análise da Ata – Destaques para o cenário internacional e os juros nos EUA
1 – O Copom reconhece o quadro menos favorável para a atividade econômica, em particular nos serviços enquanto a indústria passa de “uma moderada reaceleração” para “um cenário de estabilidade”.
2 – A conjuntura internacional passa de “incerta” para “adversa”, com próximas fontes de desinflação (após a queda das commodities do ano passado) mais incertas, com destaques especiais para a taxa de juros americanas, tanto de maneira estrutural (risco fiscal) quanto de maneira cíclica (a manutenção das taxas do Fed em um nível elevado).
3 – O Copom avaliou os impactos desse contexto sobre a inflação brasileira, nomeadamente via condições financeiras mais apertadas e taxa de câmbio desvalorizada. No entanto, o Copom notou que o câmbio teve um comportamento benigno desde a ultima reunião. De maneira geral, a Ata traduz que a preocupação do Copom sobre o cenário externo é moderada (entender : inferior a preocupação do mercado?) e todos os membros, exceto um, veem o contexto internacional como um fator de incerteza e não é, em si, um fator de alta para a inflação.
4 – Outro ponto de atenção foi o risco fiscal (e o não cumprimento da meta 0) que pode impactar a taxa de juros neutra e, portanto, a taxa terminal do ciclo de juros (atualmente avaliada em 4,5% reais pelo Copom, com vários modelos divulgados no RTI do 2º trimestre mostrando um valor superior, entre 4,7% e 5%).
5 – O Comitê segue incorporando um impacto moderado do el Niño, apesar das previsões de um El Niño forte por parte das agências climáticas.
6 -O Copom se comprometeu a continuar a sinalização unânime de corte de 0,50 na próxima reunião.
Avaliação : o tom da Ata é muito cauteloso mais comporta elementos dovish sobre o cenário internacional (na comparação com o contexto de mercado)