Os dados de atividade vêm confirmando nossas estimativas de desaceleração gradual da economia. O mercado de trabalho combinado ao aumento do salário mínimo, desonerações de impostos, renegociações de dívidas e transferências governamentais deverá manter o consumo resiliente neste início de ano. Ainda assim, a política monetária deve manter o cenário de desaceleração ao longo do ano. Dessa forma, mantivemos em 1,5% a projeção para o PIB brasileiro de 2023.
O quadro fiscal tem se mostrado compatível com o déficit esperado para o ano. A arrecadação federal tem desacelerado de forma mais gradual do que o esperado e a reoneração dos tributos federais sobre combustíveis ajudará a recompor as receitas. Com o aumento de gastos anunciado, mantivemos a estimativa de déficit primário do setor público em 1,0% do PIB e revisamos a dívida pública para 76,2% do PIB ao final de 2023. A despeito do curto prazo mais positivo, o cenário de médio prazo segue incerto.
As contas externas do país exibem uma folga menor do que a esperada há alguns meses, mas a situação segue confortável. Com isso, os modelos mais estruturais continuam apontando para um câmbio de R$/US$ 5,25.
Nossa projeção para o IPCA subiu para 5,9% em 2023 em função do aumento de impostos sobre combustíveis. Nesse contexto, a Selic deve se manter no campo restritivo ao longo de 2023, encerrando o ano em 12,25%, mas as estimativas dependerão do arranjo fiscal e do debate ao redor das metas de inflação.
Juros nos EUA se mantêm pressionados e crescimento na China e Europa surpreende positivamente, levando a ajustes nos mercados e algum fortalecimento do dólar.
Texto escrito por Fernando Honorato, Economista-Chefe do Bradesco.
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