A semana começou com mais uma alta na inflação e com queda na expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). O IPCA deve chegar a 8%, enquanto o incremento econômico não deve passar de 5,04% este ano, mesmo que o governo mantenha a previsão de 5,30% em 2021. O Banco Central divulgou na quarta-feira, 15, o IBC-BR (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), que subiu 0,6% em julho em relação a junho.
“Esse índice serve como termômetro para o PIB. Embora o dado tenha vindo positivo, os investidores estão de olho nas revisões para baixo do PIB de 2022. Existia uma perspectiva do crescimento ao redor de 2% para o próximo ano, mas está caminhando para baixo de 1% no ano que vem”, comentou a economista chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.
Ainda no cenário nacional, conforme antecipado a CRC!news na quinta-feira, 16, o ministro da economia, Paulo Guedes encaminhou para análise da Casa Civil a Medida Provisória que reduz a taxa de fiscalização que a Comissão de Valores Mobiliário (CVM) cobra dos agentes autônomos de investimentos (AAIs).
A notícia repercutiu nos escritórios de investimentos e dividiu opiniões. Para alguns, a ação já era esperada há tempos e é justa. Enquanto que para outros, a decisão pode prejudicar os assessores e aumentar a concorrência, uma vez que a taxa elevada era um impeditivo para que muitos ingressassem no mercado.
Outro marco da semana foi a elevação do IOF até o fim do ano para custear o Auxílio Brasil, considerado negativo pelos especialistas do mercado. O imposto para pessoas jurídicas subirá de 0,0041% para 0,00559% e de 0,0082% a 0,01118%, para pessoas físicas. O programa social do governo Bolsonaro visa substituir o Bolsa Família, que tem hoje repasse médio de R$ 189,00 e que será elevado para R$300,00 mensais.
“O mercado reagiu de maneira negativa a essa decisão adotada praticamente surpresa de aumentar o IOF de algumas operações financeiras. Mas é importante frisar que o impasse sobre o teto de gastos permanece mesmo com esse aumento. Isso porque até ter uma resolução sobre precatórios, essa ampliação de gastos fica comprometida”, explicou a economista chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte.
No cenário internacional, a divulgação dos indicadores econômicos da China chamou a atenção e preocupou o mercado. “Um desempenho muito fraco de vendas no varejo, produção industrial decepcionou e isso coloca em xeque o ritmo da recuperação da economia global”, pontuou Abdelmalack.
Na contramão dos índices negativos, o petróleo vem se recuperando. De acordo com o dado da API (American Petroleum Institute), houve uma queda no nível de estoque da commodity nos Estados Unidos.
Nesta sexta-feira (17), o plano de gastos do Presidente dos EUA, Joe Biden, deve mexer com o mercado. Os gastos apresentados são de US$3,5 trilhões e serão utilizados para investimentos em educação, atenção à infância e assuntos relacionados a crise climática.
Expectativas
Para próxima semana são previstas altas na taxa Selic, em razão da manutenção de alta do IPCA. Enquanto isso, o dólar deve se manter no patamar dos R$5,20. Já a PEC dos Precatórios continua a assombrar o mercado, aprovada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados. A proposta, que permite parcelamento dos precatórios e coloca em risco a saúde fiscal da União em 2022, segue gora para comissão especial da Câmara, para possível ajustes.
“Tudo isso tem afetado as pessoas física e jurídica no geral. Se o governo entrar com medidas populistas, que, no curto prazo, podem até gerar um alívio momentâneo para as famílias, certamente vai pressionar ainda mais a inflação, aumentando a taxa de juros e diminuindo o crescimento econômico. Isso afeta muito o mercado pensando em uma perspectiva a longo prazo”, finalizou Consorte.