Com o fluxo estrangeiro ainda forte, nem o estresse nos juros nos Estados Unidos, pai de todos os mercados, conseguiu segurar a nossa bolsa.
Tivemos uma semana bem agitada, com muita volatilidade, dados econômicos importantes, atualizações de políticas monetárias aqui e na europa, resultado de Big Techs nos Estados unidos, volta dos trabalhos no congresso e as tensões entre Estados Unidos e Rússia.
Porém, o que roubou a cena, mais uma vez, foi o fluxo estrangeiro.
Janeiro encerrou com o fluxo positivo com saldo positivo em R$ 32,49 bilhões, foi a segunda maior quantia em dez anos, e fevereiro começou com o mesmo ritmo, nos 2 primeiros dias do mês o investidor estrangeiro já ingressou com mais R$ 2,6 bilhões na nossa bolsa.
Essa fluxo forte tem ajudado a segurar a nossa bolsa, mesmo com o COPOM tendo elevado a nossa taxa básica de juros para 10,75% a.a na quarta feira, elevação de juros no reino unido, BCE enfim admitindo preocupação com a inflação e indicando alta de juros por lá ainda esse ano e com a semana encerrando com os dados fortíssimos do Payroll, nos estados unidos, que registrou a criação de 467 mil vagas de empregos em janeiro, mais de 3x mais que a expectativa do mercado (150 mil novas vagas) e com o salário médio por hora subindo 0,73% na comparação mensal também acima da expectativa, o que traz mais preocupação com a inflação americana e refletiu em estresse nos juros mais longos por lá e também refletiu em um aumento nas apostas de alta de 0,5% no juros americano em março desse ano.
Esse conjunto de notícias trariam o cenário perfeito para uma semana conturbada para a bolsa e para a moeda de um país emergente, como o nosso. Mas não foi o que aconteceu.
O nosso Ibovespa encerrou o último pregão da semana em alta de 0,49%, aos 112 mil e 244 pontos e fechou a semana com valorização de 0,3%.
A moeda americana, que também sofre com fluxo estrangeiro, já que com mais dólar circulando aqui dentro, menos ele vale, fechou a semana em queda de 1,26%, cotado a R$ 5,3220.
A nossa bolsa tem algumas particularidades que nos ajudam a explicar o motivo do gringo ter comprado mais bolsa do que o próprio brasileiro. Com a alta de juros pelo mundo, a exposição a papéis relacionados à economia real parece ser a melhor estratégia e a quase 40% do índice Ibovespa é composto por Petrobras, Vale e os 5 maiores bancos do país (commodities e setor financeiro) e para ficar ainda melhor, negociando à múltiplos bem descontados depois da queda forte que sofremos de junho até dezembro de 2021 com aumento do risco fiscal e alta dos juros também. Combinação perfeita!
Por isso não confunda ver a bolsa subir com alta generalizada de todos os papéis. Para você ver sua carteira subir esse ano, ainda é necessário fazer um stock picking bem feito, selecionando boas empresas que podem se beneficiar desse momento e do fluxo positivo.
Mas uma coisa é fato: que seja eterno enquanto dure esse fluxo…
Agora que estamos na mesma página, vamos olhar para semana que vem para saber o que temos de importante pela frente.
A primeira notícia importante é a volta das negociações das bolsas chinesas, depois de uma semana inteira fechadas por conta do feriado de ano novo lunar. Juntos com as bolsas chinesas, vem serão retomadas também as negociações do minério de ferro em Dalian e deve já iniciar a segunda feira em alta pelo o que acompanhamos do minério negociado em Qingdao, na Cingapura.
Por aqui, a temporada de resultados do 4º trimestre de 2021 ganha tração e trago alguns destaques para você colocar na agenda:
- segunda-feira: BB Seguridade (BBSE3) e Porto Seguro (PSSA3);
- terça-feira: Bradesco (BBDC3/BBDC4);
- quarta-feira: Klabin (KLBN11) e Suzano (SUZB3);
- quinta-feira: Itaú (ITUB3/ITUB4);
- sexta-feira: Usiminas (USIM5).
Fonte: https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/calendario-de-resultados-do-4t21/
No calendário econômico, vamos ficar de olho na Ata do copom, que sai na terça-feira, dia 8 de fevereiro, com todos os detalhes sobre a reunião que bateu o martelo sobre o aumento da nossa taxa básica de juros para 10,75% a.a e mais informações sobre as perspectivas do Banco Central para a próxima reunião.
E na quarta-feira, dia 9, iremos confirmar como fechou a nossa inflação (IPCA) em janeiro, que pode trazer também algum indicativo sobre a atuação do BACEN nas próximas reuniões.
Além disso, durante a semana tem produção industrial pela europa e balança comercial nos estados unidos e europa de importante pelo mundo, além de acompanharmos o desenrolar das tensões entre Estados Unidos e Rússia na fronteira com a Ucrânia.
E antes que eu me esqueça, mantenha Brasília no seu radar essa semana, pois as conversas sobre o corte de impostos dos combustíveis devem avançar com a “PEC dos Combustíveis” e se a proposta não ficar restrita ao diesel, o rombo aos cofres públicos pode de R$ 50 bilhões ou mais (ainda não está claro como a isenção será compensada). Na terça-feira, líderes do congresso e senado devem se reunir para discutir o tema.
Tudo indica que teremos mais uma semana agitada. Apertem bem o cinto e se preparem!