Boa tarde! Seguem os comentários de Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, sobre o fechamento do mercado de hoje, 19:
Na Reta Final do Mercado com Rafael Ribeiro
A cena política pesou forte no mercado brasileiro e o Ibovespa caminha para uma queda de 3%. Juros futuros disparando, com a parte mais curta projetando Selic próxima da faixa de 10% no ano que vem — sem falar do dólar retornando para R$ 5,60.
Graficamente, os 114 mil pontos mais uma vez pesaram no Ibovespa e serão a principal barreira para romper. Somente um fechamento acima deste patamar em base semanal para o índice, de fato, anular a tendência de baixa de curtíssimo prazo e justificar um repique maior.
Do lado macro, o cenário fiscal mais uma vez gerou estresse com duas notícias: i) possível retirada da proposta de tributação dos dividendos; ii) extensão/aumento do auxílio emergencial.
Segundo a Receita Federal, a taxação de lucros e dividendos deverá agregar, aproximadamente, R$ 131,5 bilhões entre 2022 e 2024 em termos de receita para o governo, ou seja, caso haja retirada da proposta haverá uma perda significativa e isso tende a gerar inúmeras dúvidas sobre o rumo do fiscal.
Além disso, segundo os jornais, o governo tem agora na mesa uma nova proposta de arranjo dos benefícios, que incluiria o Auxílio Brasil e duas parcelas complementares — pagas uma dentro e outra fora do teto de gastos, o que piora drasticamente a expectativa quanto ao fiscal brasileiro e beira ao que nenhum investidor quer ver mais no Brasil: irresponsabilidade fiscal.
Portanto, sobra para o investidor alocar em um crescente risco fiscal, fraco crescimento e juros altos, ou seja, um cenário nada atraente e isso justifica a forte queda do mercado. Para os próximos dias, será vital observar o fluxo estrangeiro, que estava bem positivo até então e sustentava a expectativa pelo rompimento dos 114K.