Por Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
Conforme esperado, o Federal Reserve manteve a taxa de juros entre 5,25% a.a. e 5,50% a.a. O Comitê manteve a postura de cautela e aguarda novos dados para a tomada de decisão. No comunicado, o FOMC ressaltou que a atividade econômica cresceu em um ritmo forte no terceiro trimestre, a criação de empregos desacelerou desde o início do ano, mas continua forte, a taxa de desemprego segue baixa e inflação se mantém elevada. E, sinalizou que o Comitê segue bastante atento aos riscos inflacionários.
A inflação norte-americana vem desacelerando em comparação aos últimos meses – 3,7% para o índice cheio e 4,3% para o núcleo -, mas estavam bem acima da meta de longo prazo de 2%. A boa notícia é que trajetória mais benigna dos preços nos últimos meses possibilita o FOMC a manter o juro no atual patamar.
Os dados de atividade dos EUA têm mostrado que a economia continua bastante aquecida. O desemprego próximo de mínimas históricas, a forte criação de novos empregos, o consumo aquecido e, mais recentemente, o resultado do PIB do 3T23 acima do esperado corroboram esse quadro. Esse contexto acaba dificultando o trabalho do Banco Central em fazer a inflação convergir para a meta, exigindo que a autoridade monetária não sinalize um encerramento do ciclo alta de juros.
Os próximos dados serão importantes para corroborar esse cenário. No comunicado, Comitê adotou uma postura cautelosa e aguarda novos dados para futuras decisões. A autoridade deixou a possibilidade de novos aumentos em aberto, caso os riscos que afetem a inflação se concretizem.
Entretanto, em nosso cenário, o Comitê não deve elevar mais o juro, mantendo a taxa no atual patamar ao longo de 2024. E, um a coisa é certa, a taxa deverá permanecer nesse patamar restritivo até que a inflação dê sinais claros de convergência para 2%.