Por Alexandre Maluf, economista da XP.
O IPCA-15 de outubro avançou 0,21% na comparação mensal, praticamente em linha com as expectativas (XP: 0,17%; consenso de mercado: 0,20%). Em relação à variação acumulada em 12 meses, o índice de inflação avançou para 5,05% em outubro, ante 5,00% em setembro. O principal desvio altista em relação à nossa projeção veio de ‘Passagens aéreas’ (+7,bps) – subitem muito volátil, que elevou a inflação de serviços.
No que diz respeito às medidas qualitativas, a média dos núcleos avançou 0,22% quando comparada a setembro, resultado abaixo da nossa expectativa (0,27%). A média móvel trimestral anualizada (3M SAAR) subiu ligeiramente de 3,4% para 3,6% – ainda abaixo do limite superior da meta de inflação. A medida de “serviços subjacentes”, por sua vez, avançou 0,14% em termos mensais, abaixo da nossa estimativa de 0,30%, enquanto seu 3M SAAR caiu de 4,5% para 4,2% – esta foi a quarta queda consecutiva desta medida. Embora o principal desvio baixista em relação à nossa projeção tenha vindo de ‘seguro de veículos’, vale ressaltar que os preços dos serviços intensivos em mão-de-obra têm desacelerado consistentemente – em 12 meses, foi observada a sexta queda consecutiva, saindo de 6,8% em abril para 5,0% em outubro.
Os preços industriais cederam 0,01% m/m (XP: 0,02%), sem grandes surpresas. Altos estoques em alguns setores, taxas elevadas de inadimplência e política monetária ainda restritiva ajudam a explicar as variações bem-comportadas de preços industriais. Quanto à alimentação no domicílio, houve poucos desvios em relação à nossa previsão, concentrados nos preços de carnes, que desaceleraram menos do que o projetado – esperamos que os preços das carnes avancem em novembro e dezembro, após dez deflações mensais consecutivas.Em nossa opinião, o IPCA-15 de outubro foi mais uma leitura benigna de inflação no Brasil, principalmente nos grupos de serviços, mas neutro para os próximos passos da política monetária. Eventos internacionais, como os desenvolvimentos do conflito Israel-Hamas e o aumento dos juros nos EUA, são atualmente os principais tópicos para a condução da política monetária nos mercados emergentes. Por fim, nossa previsão de 4,8% para o IPCA de 2023 tem viés de baixa – enviaremos uma revisão em breve.