O euro e o dólar podem atingir a paridade pela primeira vez em vinte anos. Com a queda da moeda da zona do euro e a nova política monetária do FED, o banco central norte-americano, a paridade está cada vez mais próxima.
Especialistas ouvidos pelo BP Money analisam que a desvalorização do euro já ocorre desde 2014, mas foi extremamente afetada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Nesta quarta-feira (10), o euro está sendo vendido a US$ 1,05 dólar.
“A Europa já vem de um processo recessivo, mas essa retração estava avançando de uma forma muito lenta. Com a guerra na Ucrânia, essa expectativa negativa, principalmente na matriz energética europeia acelerou esse movimento”, afirmou Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.
De acordo com Velloni, a pandemia da covid-19 debilitou os mercados europeus, assim como o Brexit, como é chamado o processo de saída do Reino Unido da UE (União Europeia). A retirada do país do bloco europeu foi concluída em janeiro de 2020.
Além disso, as sucessivas crises econômicas em países como Grécia e Itália contribuíram para que a moeda se desvalorizasse perante o dólar. “Por essas diversas crises, é muito mais difícil para a Europa se recuperar do que os EUA, por mais que eles também não estejam em seu melhor momento na economia, o euro se enfraquece em relação a moeda norte-americana”, analisa o coordenador do curso de economia da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado), Paulo Dutra Constantin.
Constantin acredita que existe uma demanda maior no mercado para ativos em dólares do que em euros. “A economia dos EUA cresceu mais do que a economia europeia, então as pessoas estão vendendo euros e comprando dólares, tanto em ativos da dívida pública quanto em investimentos estrangeiros nos EUA”, disse.
A paridade só pode ser evitada caso o euro diminua o seu enfraquecimento. “Neste momento, a moeda só vai se recuperar caso a guerra entre Rússia e Ucrânia acabe”, acrescentou o economista-chefe da Frente Corretora.
Contudo, o coordenador de economia na FAAP afirma que até a Alemanha, maior economia da zona do euro, está perdendo riqueza e diversas empresas estão fechando no país.
A UE (União Europeia) também pode aumentar a taxa de juros com o intuito de atrair investidores estrangeiros para o bloco. Contudo, o BCE (Banco Central Europeu) segue com as taxas inalteradas. O órgão decidiu apenas acelerar o processo de compra de ativos.
Cerca de 40% do gás usado em todo o continente europeu vem da Rússia, o que mostra uma dependência do continente europeu em relação à matriz energética. Apesar das diversas sanções econômicas aplicadas pela UE (União Europeia) por conta da guerra, os países continuaram comprando gás de Moscou.
“Caso os europeus consigam diminuir essa dependência do gás russo, isso pode ajudar a moeda a se fortalecer porque torna a expectativa de crescimento mais acentuada, alavancando a produção do bloco”, analisa Velloni. A UE (União Europeia) já está tentando diversificar a sua matriz energética e vai proibir carros a combustão no continente a partir de 2035.
Paridade entre euro e dólar: o que muda para o Brasil
De acordo com Velloni, a possível paridade entre o dólar e o euro não mudaria muito para o Brasil. “O País fica mais sensível a uma mudança no mercado chinês do que no mercado europeu porque o Brasil tem uma característica de ser um exportador de commodities e a exportação desses insumos para a Europa é muito pequena.”
Segundo Constantin, o real está mais atrelado ao dólar, o que significa que o Brasil terá mais facilidade em importar produtos europeus caso a paridade seja atingida. O efeito negativo é que o País também pode enfrentar dificuldades para exportar produtos brasileiros para a zona do euro em virtude do preço.
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Texto escrito por Daniel Gateno, BP Money.