Respiro fundo enquanto penso em tudo que aconteceu em 2021 até agora. Ainda difícil acreditar que ele está terminando. Esse ano foi um misto de sensações, emoções e acontecimentos.
Começamos o ano esperançosos com o início da vacinação para a COVID. Em paralelo, víamos o avanço de uma segunda onda assustadora, provocada pelas variantes recém detectadas.
Ainda assim, havia uma perspectiva de retomada econômica que ficava evidente com os movimentos dos mercados, que seguiam otimistas. Nossa bolsa em alta, boa parte dos investidores que foram pacientes haviam recuperado as perdas de 2020. E o índice estava batendo recordes históricos. No mundo todo o cenário era parecido, o mesmo acontecendo com diversos índices internacionais. Era um céu de brigadeiro.
Mas tinha algo errado! Começou a ser discutida a proposta da reforma tributária, que seria mais dura com a cobrança de impostos sobre dividendos. Algo que assustou investidores e provocou uma queda acentuada nos índices de fundos imobiliários. Ao mesmo tempo iniciamos um período já esperado de alta de juros pelo COPOM, porém nesse momento ainda era esperada uma alta comedida, o Focus previa uma alta de magnitude 3,5% até o final desse ano. A inflação, que até então acreditava-se que iria ceder com a alta de juros, seguiu crescendo de forma acelerada. Forçando decisões mais duras nas altas de juros e como muitos já sabem, estamos encerrando o ano com a Selic a 9,25% e previsões de mais altas para as próximas reuniões, levando a taxa aos 2 dígitos novamente, algo que não acontecia desde maio de 2017.
Na política, a incerteza sobre o furo do teto de gastos em conjunto com a discussão da PEC dos precatórios gerou um ambiente de incertezas. A insegurança fez com que as taxas futuras de juros subissem a patamares até então não imaginados, nem pelos mais pessimistas. E os investidores fizeram um movimento de fuga dos ativos de risco. Nossa bolsa que em meados do ano chegou a 130 mil pontos flertou em novembro com 100 mil e agora em dezembro apresentou uma tímida recuperação.
No cenário mundial, o índice americano renovou máximas históricas e trouxe muitas alegrias aos investidores que já são adeptos da diversificação internacional. O ganho foi ainda maior para os ativos que também estão expostos a variação cambial, já que a moeda americana também se valorizou em relação ao nosso Real. Já a China assustou o mundo com o possível calote de incorporadora Evergrande, que tem dívida bilionária com diversas instituições em todo o mundo.
A sensação de chegar ao fim desse ano é a de ter passado por um furacão. Mas ao sair dele e olhar a frente o céu ainda está entreaberto e não traz aquela sensação esperada de alívio. Para enfrentar esse período, entendo que não existe fórmula mágica. É preciso manter o foco e ser resiliente. O Warren Buffet já disse que “O mercado de ações transfere dinheiro dos impacientes para os pacientes”. Por isso, acredito que o importante é manter uma carteira de investimentos estruturada, composta por bons ativos de diversas classes e ter paciência.
Sigo cautelosa, porém otimista, como sempre fui. Afinal como diz o provérbio português: Não há bem que sempre dure, ou mal que nunca acabe. Desejo a todos um fim de ano maravilhoso e cercado das pessoas que você ama, pois sem dúvida essa é nossa maior riqueza.