Por Pedro Ivo.
O ministro Rui Costa (Casa Civil) afirmou nesta terça-feira (22) que o governo prepara medidas para conter a alta dos alimentos. As declarações foram realizadas no programa Bom Dia Ministro, da EBC, e ocorreram dois dias depois de o presidente Lula cobrar dos ministros medidas para baixar o preço.
O tema é de grande preocupação tendo em vista que tem forte impacto sobre a popularidade do atual governo.
“Vamos fazer algumas reuniões, com os ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário, da Fazenda, para buscar um conjunto de ações que sinalizem para o barateamento dos alimentos” , afirmou o ministro.
Ele não deu detalhes de quais seriam as medidas, como também não informou quando serão realizadas os encontros com os demais integrantes do Executivo.
“Essa é uma agenda importante que nós vamos monitorar e acompanhar daqui para frente. Isso é fundamental para garantir o aumento do poder aquisitivo, porque não adianta o salário subir se os preços sobem na mesma proporção.”
Rui Costa ressaltou que as condições climáticas adversas comprometeram a produção de alimentos em muitos estados no ano passado. “Tivemos um impacto, em 2024, que foi um ano atípico do ponto de vista climático. Nós tivemos forte seca em muitas regiões e, em outras, muita chuva. Muita produção de arroz foi perdida e isso fez com que, obviamente, tendo menos oferta do que a procura, o preço subisse. Mas a nossa expectativa é que a safra de vários produtos, agora, seja muito melhor, e isso deve contribuir para o barateamento dos alimentos”, explicou.
Histórico.
Não é a primeira vez que o tema é explorado no início do ano. Em março de 2024, Lula também cobrou, em reunião ministerial, uma forma de reduzir os preços dos alimentos. Na sequência, representantes do governo anunciaram que tomariam medidas com esse objetivo.
Na ocasião, representantes do ministério da Agricultura destacaram que não haveria nenhuma decisão para baixar os preços de forma artificial. O que de fato ocorreu.
Dias depois representantes do governo federal informaram que medidas de estímulo como ampliação de crédito seriam implementadas, no intuito de aumentar a produção de alimentos básicos. As ações seriam inseridas no Plano Safra 2024/25. O objetivo era incentivar a expansão do cultivo de arroz, feijão, milho, trigo e mandioca.
Também foi sinalizado que haveria um reforço na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), para viabilizar a formação de estoques e o lançamento de contratos de opção aos produtores. No ano anterior, o governo também recorreu ao Plano Safra 2023/24 para adotar medidas que estimulassem a produção de alimentos básicos.
Linhas de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) foram abertas para oferecer juros de 4% ao ano, para quem produzisse itens como arroz, feijão, mandioca, tomate, leite e ovos.
Comunicação/Fiscal.
Durante a entrevista, o ministro Rui Costa pôs em prática as primeiras orientações na área da comunicação, sob a gestão do marqueteiro Sidônio.
Repetiu um discurso alinhado com o que o ministro Fernando Haddad (Fazenda) tem realizado, ao dizer que “havendo necessidade poderão ser feitos ajustes para garantir o equilíbrio fiscal”, a qualquer momento.
Desde o final do ano passado, Haddad tem dado declarações no intuito da criar um ambiente de normalidade sobre a constate necessidade de se adotar medidas no âmbito fiscal, caso algumas ações não saiam como previsto inicialmente.
Futuro político.
O ministro Rui Costa deixou claro que só haverá uma decisão a respeito dos próximos passos na política, em 2026. Apesar de ser cotado para o Senado, ele também sempre é lembrado como um possível substituto de Lula, caso o presidente não dispute a reeleição de 2026.