A produção industrial brasileira aumentou 0,3% entre abril e maio, praticamente em linha com nossa estimativa (0,4%) e abaixo do consenso de mercado (0,6%). Este resultado representa o quarto avanço mensal consecutivo, embora não compense totalmente a queda de 1,9% registrada em janeiro. Assim, o setor industrial está 1,1% abaixo dos níveis pré-pandemia. Em comparação a maio de 2021, o volume produzido na indústria cresceu 0,5%, primeira variação positiva desde julho de 2021 (XP: 0,6%; consenso: 1,0%).
A leitura de maio mostrou sinais predominantemente positivos nas principais categorias. A produção de Bens de Capital desempenhou um papel importante ao subir 7,4% na margem, após a queda de 6,8% em abril (aumento de 1,6% em relação a dezembro de 2021) – um sinal encorajador para a dinâmica de curto prazo da Formação Bruta de Capital Fixo. A categoria apresentou ampla expansão entre seus componentes, com destaque para Bens de Capital para Equipamentos de Transporte e Bens de Capital para Construção Civil. Além disso, os Bens de Consumo Semi e Não Duráveis mantiveram a tendência de alta, crescendo 0,8% em maio (após alta de 2,3% em abril), acompanhando a reabertura econômica e o forte aumento da renda disponível das famílias. A categoria de Bens de Consumo Duráveis também cresceu no período (3,0% entre abril e maio), mas permaneceu consideravelmente abaixo dos níveis observados no final de 2021 (-12,4% em relação a dezembro). Por outro lado, o grupo de Bens Intermediários caiu 1,3% em maio, interrompendo uma série de três ganhos consecutivos.
Além disso, 19 entre as 26 atividades industriais pesquisadas pelo IBGE apresentaram resultados positivos em maio ante abril. Os grupos de Máquinas e Equipamentos (alta de 7,5%, mais que compensando a queda de 3,1% observada em abril e 6,5% acima de dezembro), Veículos Automotores (crescimento de 3,7% ante -4,6% na leitura anterior), Alimentos (alta de 1,3%, encerrando uma sequência amarga de duas quedas consecutivas) e Couro e Calçados (alta de 9,4%, o terceiro avanço consecutivo e 12% acima de dezembro) foram os melhores resultados do período. Por outro lado, Mineração (-5,6%, apagando boa parte da expansão de 6,4% de fevereiro a abril) e Produtos Químicos (-8,0%, revertendo parcialmente o salto de 12,0% registrado nos três meses anteriores) foram os destaques negativos.
Nossa estimativa preliminar para a produção industrial de junho é de alta de 0,3% no mês (0,8% no comparativo anual). Aguardamos a divulgação dos indicadores coincidentes utilizados em nossa modelagem de curto prazo para o setor industrial.
Em resumo, a indústria brasileira deve se recuperar gradativamente ao longo deste ano. Projetamos alta de 0,8% para a produção industrial total em 2022, após a queda de 4,5% em 2020 e o crescimento de 3,9% em 2021. Lembrando que algumas atividades fabris continuam a enfrentar gargalos na cadeia de suprimentos, embora o pior aparentemente já tenha passado.
Por fim, o Tracker XP para o crescimento do PIB do 2º trimestre ficou em 0,8% (2,6% contra o mesmo período no ano anterior). Esperamos que o PIB do Brasil cresça 2,2% em 2022. Para mais informações sobre nossas perspectivas de atividade econômica, consulte o relatório Brasil Macro Mensal: Crescimento mais forte em meio a incertezas fiscais publicado no início desta manhã.