A divulgação dos resultados do 3° trimestre de 2021 (3T21) das empresas listadas na Bolsa começou na semana do dia 22 de outubro. Até agora, 60% das empresas do Ibovespa já reportaram seus resultados.
Vemos os resultados do segundo trimestre como sólidos até agora, com 76% das empresas reportando Lucros Operacionais (EBITDA) acima do que esperávamos, 5% foram em linha, e os 19% restantes abaixo do que esperávamos. Quanto à receita, 67% das empresas superaram nossas expectativas, 24% foram em linha e 10% vieram abaixo.
Quanto aos setores, empresas de Agro, Alimentos & Bebidas, Financeiro, Imobiliário, Saúde, Transporte & Logística, e Bens de Capital reportaram EBITDA acima das nossas expectativas. De destaques negativos, a maioria das empresas de Mineração & Siderurgia, Elétricas e uma única empresa que divulgou resultados de Saneamento, desapontaram estimativas.
Nesse último trimestre, os mercados no Brasil andaram na contramão do mundo. No cenário externo, discussões ao redor da retirada de estímulos monetários por parte do banco central americano (o Federal Reserve), preocupações que uma crise imobiliária possa tornar a desaceleração econômica na China ainda mais aguda, e uma crise energética global afetaram os mercados pelo mundo. Domesticamente, incertezas quanto à trajetória fiscal e manutenção (ou não) do teto de gastos, pressões inflacionárias levando a taxas de juros mais alta, preocupações com uma crise hídrica, projeções menores para o crescimento em 2022, e o aumento de tensões políticas pressionaram os ativos brasileiros.
Como resultado, o índice Ibovespa caiu -12% no terceiro trimestre, explicado parcialmente pela queda nos preços das commodities, especialmente os preços do minério de ferro. As preocupações com um crescimento econômico mais lento na China e o episódio de Evergrande afetaram a commodity, que atingiu o mínimo do ano em US$ 92/tonelada, queda de mais de 50% em relação ao pico de US$ 237/ton em maio, tendo se recuperado para cerca de US$ 100/ton. Essa queda nos preços foram o principal fator por trás das revisões do Lucro por Ação (LPA) em 2021.
Além disso, com a deterioração do cenário Macro doméstico, vimos um estressa no mercado de juros também. A taxa fixa DI de 10 anos no Brasil deu um salto de +200 pontos-base, passando de 9% ao ano para 11% ao ano. E as taxas de juros reais também dispararam, subindo para 4,9% em setembro. Essa alta nas taxas de juros eleva o custo de capital das empresas, e afeta diretamente seu preço justo.
Revisão de Lucros começou a cair marginalmente
Com a piora no Macro cenário doméstico e queda nos preços de algumas commodities, as projeções de lucros para daqui a 12 meses, 2022 e 2023, começaram a estagnar e cair marginalmente. Desde o início da temporada de resultados ao final de outubro, as estimativas do consenso para o Lucro Por Ação (LPA) do Ibovespa para os próximos 12 meses, para 2021 e para 2022, praticamente andaram de lado, caindo entre -0,2% e -0,7%.
Relatório Completo: https://conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios/temporada-do-3o-tri-2021-76-dos-resultados-acima-das-nossas-expectativas-ate-agora/