Com o crescimento da massa de investidores no país, as corretoras passaram a brigar cada vez mais forte para atrair os players e clientes deste mercado. A dificuldade de enfrentar as grandes plataformas nessa competição vem levando novas corretoras a buscar um nicho para crescer e se estabelecer. No caso da LEV, a aposta está em aproveitar a experiência de mais de duas décadas de seus fundadores para oferecer estrutura e serviços que atendam especificamente às dores dos gestores.
Criada por Marcelo Cerize e seu irmão, Pedro, a nova corretora busca se posicionar junto a um público que os dois julgam estar desassistido. Depois de anos de atuação no mercado, a dupla, que é responsável por fundar a gestora Skopos Investimentos e a casa de análises INV, acredita conhecer um pouco das necessidades e demandas do segmento.
“Quando começamos, existiam cinco ou seis gestoras, e hoje são quase 800. Apesar de ser um mercado crescente, ninguém atende bem. Está largado. Nossa proposta é levar a este público a melhor execução de ordens a um custo que seja acessível, pois sua margem ficou muito espremida e não está fácil pagar a conta. É preciso ter um time de compliance, outro de risco, pré-trading, sistemas de controle. Tudo isso não custa barato”,
revela Marcelo em entrevista à CRC!News.
Para alcançar estes objetivos, a empresa vem apostando alto em tecnologia. Com uma estrutura em cloud e o desenvolvimento de algoritmos para realizar operações melhor do que via mesa e a preços mais competitivos, a LEV tentará se posicionar no mercado com um modelo “asset as a service”.
“Nosso primeiro pilar é a resiliência operacional, pois a gestora não pode parar. Queremos focar em electronic trading por meio de um sistema próprio de ordens. É uma empreitada longa e cara, mas que vai trazer muito mais segurança e confiabilidade. Também vamos buscar oferecer serviços agregados que aliviem nossos parceiros”, explica.
Dentre as soluções que a Lev buscará ofertar estão relatórios de risco customizados, cópias das negociações de determinados períodos, auxílio com informações de compliance e outros serviços personalizados de acordo com as necessidades de cada negócio. “O desafio é grande, mas temos diferenciais para outras corretoras, como a vantagem de nascer em modelo novo e que demanda investimento menor. A estrutura em cloud nos permite gastar menos em licenças. Também consigo fazer algumas operações por estar na nuvem que só os grandes bancos fariam”, cita.
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Planos para o varejo
Apesar de inicialmente o foco estar em gestores e no público institucional, Cerize revela a intenção de ingressar no varejo em um segundo momento. “O maior case de sucesso entre as corretoras é o da Ideal. Depois de três anos de existência, foram vendidos por R$1,2 bilhão e lucraram desde o primeiro dia sem atender o varejo, como foco em electronic trade high frequency para os gringos. Queremos fazer igual, mas não no mesmo mercado”, diz.
No entanto, com o possível fim da exclusividade, ele vê a oportunidade de operar junto às assessorias de investimento. Para Cerize, as plataformas estão tentando comprar participação e firmar contratos para segurar os grandes escritórios, mas as cláusulas de não competição dificilmente vão se sustentar no caso de players menores.
“É impossível conter a água, ela vai arrumar um espaço para passar em algum lugar. O mercado de varejo é muito pequeno perto do potencial. Existe um público que tem até R$50 mil que XP e BTG não conseguem alcançar, pois eles não remuneram o bastante. Mas a tecnologia existe justamente para viabilizar isso“, afirma.
A LEV deve começar os primeiros testes de operação com a própria Skopos em setembro. Com investimentos próprios da ordem de R$15 milhões, a nova corretora espera entrar em atividade até o final do ano, atingindo um ponto de equilíbrio de 12 a 18 meses depois do lançamento.
Texto publicado na edição 49 da revista CRC!News, acesse e leia todos os destaques do setor AI.