A presença feminina no mercado de produtos alternativos foi o tema do primeiro debate da tarde do Por Elas. Sob o título “Mulheres no Mercado de Securitização e Fundos Estruturados”, a mesa reuniu Sophia Annichino, sócia da Bloxs Investimentos, e Amanda Courada, head de Produtos Estruturados da Suno.
Em sua fala, Amanda destacou três oportunidades de investimento dentro do atual cenário econômico. “Os fiagros são um produto muito interessante pela proteção que oferecem, por serem descorrelacionados dos demais produtos. Já os fundos de tijolo devem passar por uma boa valorização, pois está mais caro construir e eles voltaram a gerar renda com os aluguéis graças ao fim da pandemia. E os fundos de papel também. Com a deflação, os rendimentos caíram e muitos investidores venderam. Hoje eles estão sendo negociados com um bom desconto”, analisa
Sophia iniciou sua participação explicando a relevância do mercado de dívida corporativa. “Apesar de os IPOs atraírem os holofotes do mercado, as empresas captam muito mais com essa lógica de antecipar do que abrindo capital e fazendo follow on. Parece discreto, mas as dívidas são as grandes responsáveis por movimentar nossa economia”, resume.
Sobre sua trajetória, Amanda falou da importância de sempre encontrar chefes que confiaram em seu trabalho, criando possibilidades para o crescimento. “Por mais que exista um desequilíbrio de gênero, tive talvez a sorte de encontrar mentores muito bons, que foram um espelho e confiaram em mim. Isso me levou a estudar muito e tirar certificados, pois vi que havia espaço e só dependia da minha dedicação para crescer”, afirma.
Outro ponto positivo foi encontrar um ambiente favorável ao desenvolvimento de pessoas jovens. “Cheguei na Suno há um ano e meio e nem existia a asset. Éramos apenas eu o Vitor [Duarte, CIO da Suno Asset] desenhando tudo. Sempre gostei dessa parte de chegar e estruturar as coisas do zero, estudar, ver a tese. Tenho apenas seis anos de carreira, mas encontro um espaço muito grande lá dentro.”
Questionada por Sophia sobre os motivos por trás do crescimento dos fundos imobiliários, Amanda relacionou o fenômeno ao próprio desenvolvimento do mercado de capitais. Para ela, antes as pessoas colocavam tudo debaixo do colchão. Depois, levaram para o banco para render na poupança. A seguir, passaram a comprar imóveis e colocar para alugar.
“Isso não acontece apenas no Brasil, mas em todas as economias onde não há um mercado tão desenvolvido. As pessoas se focam em ativos tangíveis, que elas podem enxergar. Hoje já temos uma sofisticação do mercado financeiro, e com mais informação todos vão vendo o valor de remunerar melhor o dinheiro e ter uma reserva”, revela.
Novo marco
O novo marco da securitização, que ampliou o escopo das dívidas que podem ser trabalhadas no mercado por meio dos Certificados de Recebíveis, também entrou em debate. “É uma medida que traz possibilidades muito mais abrangentes e dão fôlego para a captação de novas empresas que recebem a prazo. Por outro lado, traz riscos. É preciso buscar estruturas mais robustas, pois é um mercado novo e a garantia é mais flutuante”, ressalta Amanda.
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