Para debater diversidade e temas ligados a ESG no mundo dos negócios, a Expert XP recebeu no início da tarde desta quarta (3) Renê Silva, fundador da ONG Voz das Comunidades, Ricardo Silvestre, CEO e fundador da Black Influence, a paratleta Verônica Hipólito, e as representantes da XP, Ana K. Melo, head de diversidade, e Thienne Czizeweski, que lidera a área de gente da companhia.
Um dos destaques da mesa, intitulada “Diversidade Vs. Inovação: como a pluralidade potencializa os resultados”, foi a presença da agência de creators negros Black Influence, criada a partir da necessidade de representar pessoas negras em propagandas. “Somos o país com o maior número de pessoas negras fora de África. É uma parcela potente e, ainda assim, marginalizada”, explica Ricardo.
Ana apresentou o dado de uma consultoria que aponta que empresas que se comprometem com pautas de diversidade, especialmente a racial, aumentam suas vendas em até 80%. “Negócios que investem no tema diversidade colhem os frutos de maneira rápida”, sintetiza.
Na visão de Ricardo, o case da campanha desenvolvida para a Nívea é um bom exemplo neste sentido. “A receptividade do cliente tem sido positiva e as pessoas pretas se sentem mais confortáveis e pertencentes”, relata.
Renê Gomes também sentiu a necessidade de criar um veículo que falasse com a periferia. Assim, com apenas 11 anos de idade, fundou o Voz das Comunidades. A explosão do jornal aconteceu com a cobertura da ocupação policial no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro (RJ). “As potências que vem da favela acabam sendo criminalizadas pelas ações do Estado”, falou o comunicador. Renê falou também dos contatos que fez com empresas como iFood e Microsoft para que elas passem a atuar dentro das comunidades, levando capacitação, desenvolvimento e empregabilidade.
“Essa relação das empresas com as comunidades têm um significado muito grande”, relatou Renê. O empreendedor citou diversas iniciativas, como a Central Única das Favelas (CUFA) e Gerando Falcões, que ajudam no autogerenciamento das favelas.
Veronica também detalhou sua experiência como atleta de alta performance e medalhista de ouro e prata em campeonatos mundiais. “Para mim, não tem como deixarmos de falar de acessibilidade e a luta anticapacitista”, relatou a atleta. Veronica falou ainda que a deficiência é uma característica, não uma incapacidade. A seleção paralímpica brasileira está entre as melhores do mundo e, ainda assim, o investimento não é compatível com os resultados e quebras de recordes alcançados pelos atletas do país.
“O mundo não é pensado para pessoas com deficiência”, relatou Ana, antes de questionar Verônica sobre a maneira como o mercado olha para pessoas com deficiência. “Infelizmente, a maioria ainda nos enxerga como pessoas com limitações”, explica a paratleta, que criou aos 25 anos sua própria equipe de atletismo.
Thienne ainda acrescentou que o potencial de desconstrução de comportamentos através da inclusão é importante para as empresas e a participação dessas pessoas nas cadeias de produção, fazendo com que os produtos oferecidos sejam cada vez mais diversos.