Com o objetivo de dividir histórias de sucesso no processo de transição para o mercado financeiro, o penúltimo painel do Por Elas reuniu Cristina Messeder, sócia da Topo Invest (XP), e Carolina Azevedo, da Acqua Vero (BTG). A conversa, intitulada “Desafios de Assessorias de Investimentos” teve mediação de Luciana Ikedo, da RV4 Investimentos (XP).
Cristina recordou que seu ingresso na área se deu 38 anos atrás como Moça Bradesco. “Ao longo desses anos, vivi muitos problemas, até mesmo assédio sexual. Mas sabia me defender, pois sempre tive propósito. Eu e meu marido éramos novos, começando na carreira e já com duas crianças pequenas. Com minha dedicação, os reconhecimentos começaram a vir. Quando a gente se esforça, isso brota, as pessoas olham e nos convidam”, afirma.
Contudo, passados 36 anos no meio bancário, ela deixou de se sentir realizada e isso passou a afetar sua saúde. “Foi algo decisivo para me tornar assessora. O grande insight para largar tudo foi que não era mais feliz. Então recebi um convite do meu antigo chefe para ser sócia no escritório que ele estava criando. Saí de Moça Bradesco para me tornar vovó Topo Invest”, brinca
Luciana detalhou o quão é difícil ter a coragem necessária para mudar de área. “Era do ramo de telecomunicações e cai direito no mercado financeiro como gerente geral, pois o dono do Unibanco teve a ideia de trazer pessoas que não eram do mercado para cargos gerenciais. O desafio era maluco, e as pessoas perguntavam como fui parar lá. Depois de 10 anos no Santander, fui convidada pela XP. Até a assistente social do banco tentou me fazer mudar de ideia. Estava acostumada com salário, bônus, ticket alimentação, plano de saúde, mas não me via fazendo aquilo por mais 20 anos até me aposentar”, revela.
Para Cristina, a principal motivação para migrar foi ajudar no custeio da faculdade da terceira filha, que havia ingressado em um curso particular de Medicina. “Meu primeiro pagamento como assessora foi de R$400. Mas pouco tempo depois consegui os avalistas para a faculdade. Ao longo da trajetória, muitas vezes não acreditei em mim. O que me ajudou foi a benção de ter uma família. Ninguém é realizado apenas em um aspecto. Muitos diziam que iria dar errado, pois eu não tinha muito tempo para os filhos, mas sempre contei com uma rede de apoio que dizia que o tempo não é tudo, o que importa é a sua qualidade”, resume.
No caso de Carolina, a chave para migrar do banco, onde trabalhou por 20 anos, veio durante a pandemia. Na assessoria há um ano, ela brinca ainda estar engatinhando na função. “Recebi a missão de reter os clientes de uma agência que estava perdendo muitas pessoas, e comecei a ter resultado com atendimento remoto. Nessa época, ouvi algumas propostas, dentre elas a da Acqua Vero. Houve um alinhamento com o meu propósito, pois encontrei um jeito de unir minha paixão com pessoas e educação”, aponta.
Ela ainda dividiu com a plateia seu pior momento, a perda do pai, e explicou como fez para superá-lo. “Ainda era bancária, com resultado de muito destaque e expressivo, mas naquela hora me perdi. Não estava sendo boa profissional, nem boa mãe e esposa, mas tive discernimento de buscar ajuda. Sabia que tinha de encontrar meu próprio caminho para voltar, e percebi que quando nos colocamos em movimento, por mais difícil que seja a jornada, você vai encontrar um caminho. E quando você se cerca de pessoas com o mesmo objetivo, é mais fácil caminhar e se reinventar”, afirma.
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