Visando preencher algumas das lacunas no mercado de assessorias, a ABAAI (Associação Brasileira de Agentes Autônomos de Investimentos) começa a investir em iniciativas na área educacional. Dentre os pontos que devem ser trabalhados por meio de cursos oferecidos pela entidade está o de como identificar um perfil empreendedor nos profissionais que ingressam no setor. Além disso, também vai fazer parte das atividades, análises referentes às noções de ética e conduta profissional e habilidades de venda.
De acordo com Francisco Amarante, superintendente da ABAAI, após passar por um momento de foco em regulamentação, a entidade acredita que boa parte dos pleitos foram ou estão em vias de serem alcançados, como o fim da taxa de fiscalização, a mudança no nome da categoria e as alterações na resolução da CVM sobre a atividade. Agora, chegou o momento de visar novos objetivos.
“Entendemos que é hora de informar as pessoas para adaptar o mercado às novas regras que devem vir. Além disso, vamos mirar outras necessidades e começamos a estruturar ações educacionais voltadas a temas que achamos pertinentes a partir das carências que observamos”, explica em entrevista à CRC!News.
A primeira iniciativa já está em andamento. Em parceria com a FGV, a entidade lançou uma formação de empreendedorismo no mercado financeiro. O objetivo é avaliar se os ingressantes no setor realmente têm perfil para deixar de ser CLT, pois anualmente, 30% dos ingressantes na área cancelam ou suspendem a certificação.
“Existe um erro na origem, pois essas pessoas entram com expectativas irreais, sem saber as dores do mercado. Para evitar isso, criamos um curso gratuito. Construído a partir de uma pesquisa da Universidade de Jerusalém. ele mostra se o interessado de fato tem vocação para empreender. Quem termina vira um lead qualificado, pois sabemos que ao menos reúne as características esperadas para se certificar e virar assessor”, diz.
Outra lacuna observada pela ABAAI está no fato de que muitas plataformas e empresas focam em produtos, mas deixam de lado a difusão de melhores práticas de mercado. Amarante lembra que, a cada cinco anos, o assessor precisa acumular 150 pontos em cursos para não ter de passar por uma nova certificação, e no mínimo 10% desse conteúdo precisa ser em ética, conduta profissional, compliance e áreas associadas.
“Não basta passar no exame e saber o que é bolsa, derivativo e fundo imobiliário. Mesmo que o profissional tenha o compliance da plataforma em que atua, queremos fazer uma coisa ampla. Não é porque a empresa pediu que ela tem de adotar uma determinada postura. É fundamental entender qual a conduta adequada para se exercer essa atividade”, opina.
Por fim, a terceira frente que a associação pretende atacar diz respeito às habilidades de vendas. Por ser um setor que demanda muito relacionamento comercial, Amarante considera essencial para o sucesso ter networking e manter esses contatos. Por isso, a ABAAI pretende ajudar o assessor na tarefa de montar estratégias específicas de abordagem e trabalhar conceitos como funil de vendas, especialmente entre aqueles que estão entrando agora no mercado.
“Se o assessor não arruma cliente, ele não gera negócio nem receita. Como associação, entendemos que nossa missão é difundir as melhores práticas e fomentar uma educação continuada, pois entendemos que mercado financeiro é muito dinâmico. Todo dia surge um produto novo, uma regra nova, e é preciso estar em constante aprendizagem para acompanhar essas mudanças e se manter competitivo”, finaliza.
Matéria publicada na edição 40 da revista CRC!News, acesse e leia todos os destaques do setor de assessores de investimentos.