A carreira do assessor de investimento é um assunto ainda bastante discutido entre os profissionais do mercado financeiro. Não só pela sua rápida ascensão e desenvolvimento, mas também pela forma com que esse profissional tem sido remunerado. Segundo a regulamentação, o assessor deve ser recompensado por meio da porcentagem dos investimentos de sua carteira.
Entretanto, com a evolução dos profissionais e dos produtos ofertados pelas gestoras, corretoras e bancos, essa figura passou a ser muito mais que um auxiliar do investidor. Em muitos casos, ele também consegue atender seu cliente em uma frente ampla de serviços, fazendo com que os investimentos sejam, na prática, a menor parte da sua renda final.
Para Diego Ramiro, presidente da Associação Brasileira dos Assessores de Investimentos (Abai), o assessor está em uma nova fase no mercado de capitais e pode ser chamado de “assessor de patrimônio”, como ele mesmo intitula os membros de sua equipe na Miura Investimentos, escritório do qual é CEO. Ou seja, é um profissional que não cuida apenas da carteira de investimentos do seu cliente, mas também de todo o seu patrimônio.
“As principais plataformas de escritórios evoluíram e têm outras linhas de negócios que complementam e auxiliam na geração de um melhor serviço. Quando a gente sai do ‘assessor de investimento’ para ‘assessor de patrimônio’, aumenta muito o leque de atuação. Consigo trabalhar com o cliente a proteção, posso um seguro de vida, seguro patrimonial, indicar investimentos fora do Brasil. E tudo isso via plataforma da XP, BTG, Safra”, explica em entrevista à CRC!News.
Outra forma do assessor arrecadar recursos é por meio do pedido de cartão de crédito para o seu cliente. Segundo Ramiro, o profissional consegue um percentual do que o cliente gasta no cartão. “Quando o cliente trabalha em qualquer outra linha de negócio, como contratar um crédito pessoal ou deixar um imóvel como garantia para levantar capital, acabo sendo remunerado sobre isso. Cada vez mais alguns escritórios começam a ter essa área de crédito”, diz.
Com o crescimento na quantidade de assessores de investimentos e a disseminação dos seus serviços para a população brasileira, a receita gerada através dos investimentos tende a ser cada vez menor, obrigando o profissional a buscar novas fontes. Não à toa, segundo Diego, os escritórios que focaram apenas nesse segmento, não duraram muito. “Hoje, na Miura, praticamente quase 30% da companhia já vem de outra linha que não só do investimento”, analisa.
O presidente da Abai acredita ser essa uma grande evolução na função do assessor. Para ele, o futuro da profissão deve contar com pessoas cada vez mais capacitadas para atender seu cliente no 360º, ou seja, em diversos aspectos e não apenas vendendo commodities. “Ainda há um mar de possibilidades a ser explorado em parceria com seguradoras, assets, gestoras e corretoras”, encerra.