Considerada uma das certificações que trazem maior prestígio à carreira do assessor de investimentos, o CFP® (Certified Financial Planner) realizou a 40ª edição de seu exame em 1º de maio e, desde então, o conteúdo da prova vem sendo alvo de polêmica. Para parte dos mais de 3.300 candidatos inscritos, houve um salto no nível de dificuldade, e algumas questões apresentaram enunciados extensos e confusos a ponto de prejudicar a conclusão da prova dentro do tempo estipulado no edital.
Segundo Edgar Abreu, CEO da 4U Edtech e professor de cursos preparatórios para certificações financeiras, incluindo o exame CFP®, os últimos exames estavam demonstrando um padrão na cobrança dos conteúdos e, em alguns casos, praticamente repetindo questões.
“Uma prova previsível é um filtro menos adequado para a verificação da capacidade técnica dos candidatos, o que poderia levar a um desgaste e a uma queda do prestígio da certificação. Porém, o que vimos no 40º exame foi uma falta de bom-senso, principalmente no Módulo 6 [referente a Planejamento Sucessório]. As questões com enunciados imensos e confusos não foram adequadas para aferir conhecimento. A prova pode ser desafiadora, mas é fundamental que seja justa”, destacou Abreu em entrevista à CRC!News.
O economista e CEO da Eu me banco, Fabio Louzada, concorda com a necessidade de se elevar o nível de dificuldade para filtrar melhor os aprovados, e relata casos de profissionais com CFP® que apresentavam dificuldades básicas, como explicar o aumento da taxa Selic, gerando o risco de a certificação deixar de ser um diferencial na carreira.
“Tinha gente no mercado prometendo aprovação com apenas 15 dias de estudo. Isso gerou incômodos. Nos últimos dois meses, a Planejar passou a dar sinais de que buscaria fortalecer a marca. Trocou a banca responsável pela elaboração das questões, ampliou a exigência de experiência de três para cinco anos e agora, para a edição de agosto, os candidatos terão de ser aprovados em um curso de planejamento financeiro antes de se submeter à prova”, revelou em conversa com a CRC!News.
Comunicação
Contudo, apesar desses indícios, os especialistas apontam que não houve uma comunicação oficial por parte da entidade organizadora sinalizando um movimento no sentido de resgatar o prestígio da certificação e alterar o padrão do exame em relação às edições anteriores.
“A Planejar falha um pouco quando se trata de comunicação. Ainda não sabemos, por exemplo, como será esse curso de planejamento financeiro previsto para a edição de agosto. E eles nunca deixaram muito claro que iriam elevar as exigências. Somente depois da prova fizeram uma postagem falando que o nível subiu. A gente não estava preparado”, afirmou Louzada.
Já Abreu aponta que a única informação passada foi sobre a mudança da responsabilidade na elaboração do exame, que ficou a cargo da Fundação Carlos Chagas (FCC). No entanto, ele acredita que a grande questão não é se os alunos foram ou não informados de que a prova seria mais difícil. Na sua visão, desde que ela contemple os conteúdos e o escopo definidos, não se pode contestar o nível de dificuldade.
“Como existe tempo de realização, as questões, seja qual for seu nível de dificuldade, devem ter enunciado objetivo para que o candidato possa solucioná-las dentro do tempo proposto. Do contrário, o exame perde a razão de ser. Uma prova caótica como foi a do Módulo 6 do último exame é tão inútil quanto uma ‘prova fácil’ para auferir a capacidade técnica e aprovar os candidatos realmente preparados”, opinou.
Leia a matéria completa na edição 34 da revista CRC!News.