Leia abaixo a abertura de mercado com Antônio Sanches, especialista de investimento da Rico:
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Mercados globais amanhecem sem movimentos expressivos nesta quarta-feira, à espera da divulgação de dados de inflação ao consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês). A divulgação fica no radar, em meio a temores de que altos níveis de inflação levem o Banco Central do país (o FED) a aumentar as taxas de juros mais cedo do que o esperado. Hoje, elas se encontram no patamar de 0%-0,25%.
Ontem, a divulgação do índice de inflação produtor (PPI, na sigla em inglês) mostrou que os preços pagos por produtores norte-americanos aceleraram em outubro, principalmente devido ao aumento do custo das mercadorias, alimentando preocupações sobre a persistência de pressões inflacionárias na economia.
Na noite de ontem foram divulgados dados atualizados de inflação na China. Assim como nos EUA e outros países do mundo, os preços ao produtor chinês vêm subindo muito, e atingiram o maior patamar dos últimos 26 anos em outubro. O salto no crescimento do Índice de Preços ao Produtor (PPI) foi devido à inflação importada (ou seja, preços altos de insumos importados de outros países), mas também à oferta interna restrita de energia e matérias-primas importantes.
Os preços do petróleo aumentaram novamente nesta quarta-feira, depois que os dados mostraram uma redução surpreendente de 2,5 milhões de barris nos estoques de petróleo dos EUA, reforçando a visão de que a oferta permanecerá restrita à medida que a demanda pela commodity continua a melhorar com o avanço da atividade econômica no mundo.
De maneira mais direta, a inflação observada nos EUA, China e outros países reflete movimentos de preços que também sentimos por aqui, especialmente de bens básicos (as famosas commodities), como gasolina e alimentos. Ou seja, como a dinâmica entre oferta e demanda no mundo também afeta a nossa inflação no Brasil, preços perdendo/ganhando força no mundo podem ser um indicativo de comportamento a ser esperado também no cenário doméstico.
Para além da alta de preços em si, os números de inflação, especialmente nos EUA, tem chamado a atenção no Brasil por conta do seu impacto na decisão de política monetária do FED, o Banco Central americano – e os impactos em nossa política monetária e economia aqui.
Juros mais altos nos EUA reduzem a atratividade relativa de ativos em países mais arriscados, como o Brasil, dada a redução do chamado diferencial de juros. Em bom português: com juros maiores lá, investidores pensam um pouco mais sobre investir aqui, onde o risco é maior. Assim, o rumo dos juros nos EUA também impacta o rumo dos nossos juros aqui. Quanto maiores os juros por lá, menor a entrada de dólares aqui (logo, mais desvalorizada nossa moeda), o que por sua vez impacta nossa inflação. Contribuindo assim, para maiores juros por aqui também.
– Hoje também teremos a divulgação do IPCA de outubro aqui no Brasil ainda na parte da manhã. A expectativa de nosso time de economia é o apontamento da inflação em 1,01% nesse período.
– A Câmara dos Deputados aprovou em segundo turno PEC dos Precatórios. Agora, a PEC será discutida pelo Senado, onde ainda pode ser alterada antes da possível aprovação. Se não sofrer alterações, calculamos que a proposta tende a liberar R$103,7 bi de despesas adicionais no orçamento do governo federal em 2022, viabilizando, ao menos em parte, o Auxílio Brasil (novo programa de transferência de renda, que substituirá o Bolsa Família).”