Mercados internacionais amanhecem levemente negativos hoje, com commodities desvalorizando e a volta da preocupação com o crescimento econômico global. Futuros do S&P e Nasdaq estão no zero a zero, enquanto o EuroStoxx 50 cai 0,17%. O S&P 500 registrou ontem máxima histórica pela 57ª vez em 2021, impulsionado pela forte temporada de balanços.
A temporada de resultados de empresas vem sustentando o otimismo dos mercados: nos EUA, 30% dos membros do S&P 500 reportaram seus resultados e 82% deles superaram as expectativas de lucro. No entanto, investidores ainda mantém preocupações de que a escassez de matérias-primas e o aumento dos salários e dos custos de energia pressionem margens de lucros futuramente — complicando o caminho da recuperação econômica global.
O governo alemão anunciou corte na previsão de crescimento do PIB do país para 2021, que foi de 3,5% para 2,6%. A maior economia da Europa cita como motivos os efeitos persistentes da pandemia no país e restrições na cadeia de abastecimento. As autoridades alemãs esperam uma recuperação de 4,0% em 2022, na esperança de que essas condições se normalizem gradualmente.
O petróleo WTI amanheceu em queda de 1,4%, após fechar ontem em US$ 84,61, máxima dos últimos sete anos. O preço do barril perdeu o fôlego depois do anúncio de que os estoques americanos cresceram em 2,2 milhões de barris, valor bem acima dos 1,9 milhões projetados pelos analistas.
Hoje tem Copom! No Brasil, o evento mais importante do dia é a reunião do Copom, que vai decidir a taxa de juros básica do país pelos próximos 45 dias (pelo menos). O aumento global dos preços e a indicação do governo de que vai mudar a regra do teto de gastos, elevando a percepção de risco fiscal, tornam a tarefa do Copom de controlar a inflação brasileira mais desafiadora, e os números do IPCA-15 divulgados ontem não ajudaram (explico mais sobre esse indicador já ,já).
Diante desse cenário, o mercado espera que o aperto na taxa de juros, que já era esperado, fique ainda maior — mas sem consenso sobre o tamanho desse aumento. A expectativa dos analistas varia entre 1,25 e 3,00 p.p. de alta na taxa Selic hoje à noite. Nosso time de economia espera um aumento de 1,50 p.p., levando a Selic para 7,75% ao ano, e projeta a Selic em 11% ao final do ciclo de ajuste monetário em março/2022.
O IPCA-15 de outubro, que é uma prévia da inflação, foi divulgado ontem e registrou alta de 1,20% em relação ao mês anterior. O número surpreendeu o mercado, que esperava 0,97% de alta, e é a maior variação para outubro desde 1995. O IPCA-15 acumulado em 12 meses chegou a 10,34%, pressionado principalmente pela alta nos preços de energia elétrica e serviços.
Com isso, nosso time de economia revisou as projeções do IPCA, a inflação oficial do país, no curto prazo. Esperamos que o IPCA tenha alta de 1,06% em outubro, 0,60% em novembro e 0,71% em dezembro, fechando 2021 com inflação acumulada de 9,5% (antes nossa projeção era de 9,1%). Para 2022, nossa projeção permanece 5,2%.
Depois de um respiro na segunda, o Ibovespa voltou a cair ontem (26) com a sinalização de que a inflação continua pressionada, e que isso vai levar a um aumento maior que o esperado inicialmente na taxa de juros hoje. O índice de ações brasileiras fechou em queda de 2,11%, atingindo o segundo pior nível do ano.
A pesquisa CAGED, do Ministério do Trabalho, registrou adição líquida de 314 mil empregos formais em setembro, abaixo de nossa previsão do consenso de mercado (335 mil e 355 mil, respectivamente), mas ainda em níveis encorajadores. Nosso time entende que o mercado de trabalho formal provavelmente permanecerá em uma trajetória de subida consistente no futuro, mas deve diminuir o ritmo a partir do primeiro trimestre de 2022.