Boa tarde. Seguem comentários de fechamento do mercado de hoje (26) feitos pelo Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.
Na Reta Final do Mercado com Rafael Ribeiro
As bolsas pelo mundo desabam e por aqui foi renovada mínima do ano, agora em 101.494 pontos, com os temores de uma nova onda de contaminação em vista da nova variante do coronavírus: a B.1.1.529, ou, variante Nu.
Dois fatores em especial que preocupam e ajudam explicar esse alto nível de aversão ao risco: i) alto número de mutação (alteração genética); ii) acelerado processo de contágio.
Segundo as notícias, a nova variante passou por 50 mutações, algo inédito até então e por isso a preocupação maior, pois, por ser tão diferente da base genética original, as vacinas podem não ser eficientes o bastante, ou seja, reduzir o percentual de efetividade e isso abrir espaço para novos lockdowns pelo mundo.
Para ser bem sucinto e levando somente em conta a realidade brasileira, uma nova paralisação da economia reduziria drasticamente a perspectiva de crescimento para os próximos anos, que já não é grande coisa, além de elevar as projeções de inflação.
O fator i) está totalmente ligado ao fator ii). A nova variante está se espalhando muito rapidamente e para se ter uma ideia, em menos de duas semanas ela agora está dominando todas as infecções na África do Sul, o que ajuda a reforçar o temor de lockdown.
No momento, foram confirmados 77 casos na Província de Gauteng, na África do Sul; 4 casos em Botsuana; e 1 em Hong Kong, Israel e Bélgica. Para evitar novos contágios, que ganham força por conta do inverno no hemisfério norte, pelo menos 17 nações já haviam anunciado bloqueios totais ou parciais a viajantes vindos de países do sul da África.
Do outro lado, durante a pandemia, muitos exemplos de variantes que inicialmente pareciam assustadoras, mas acabaram não “vingando”. O que assusta muito na Nu é o número de mutações, mas, sobre isso, a Pfizer anunciou que levaria cerca de 100 dias para desenvolver e produzir uma vacina sob medida para a nova variante, o que inegavelmente é positivo e mostra como a ciência está pronta para as diversidades da pandemia.
Além disso, até agora, a variante ainda não foi associada a casos mais graves de Covid e por isso ainda é muito cedo para falar sobre quão perigosa é a variante. Sobre quão transmissível, sabemos que vem evoluindo rápido, mas é muito bom destacar que a África do Sul tem só 24% da população totalmente vacinada, então, pode ser que, ao chegar a países com taxas mais altas de imunização, a variante não tenha tanta força.
Segundo análise do Citi, as próximas semanas serão críticas para: (i) determinar se Nu supera o Delta em transmissão (ii) como será a reprodução do “pseudo-vírus” do Nu como método de neutralização do vírus e os testes em pacientes previamente infectados, e (iii) dados do mundo real para determinar as taxas de hospitalização e morte.
Em termos de investimento em renda variável, uma nova variante com o potencial risco como essa aumenta muito o nível de aversão ao risco, ainda mais para o Brasil, que, como dito acima, já está debilitado de perspectivas econômicas.
Olhando para o gráfico, se confirmar a perda da faixa de 102 mil pontos neste mês, abrimos dezembro com um novo momentum de baixar, ou seja, mais volatilidade na venda, tendo como alvo o fundo cravado entre 94/92 mil pontos.