Por Júlia Aquino, analista da Rico.
A diversificação é uma ferramenta poderosa para os seus investimentos, trazendo proteção, podendo reduzir a volatilidade da sua carteira, diversificando os fatores de risco ao qual se está exposto, e de quebra pode gerar uma rentabilidade potencial ainda maior no longo prazo. Mas será que esses efeitos também são sentidos quando pensamos em diversificar entre os ativos de renda fixa? Vamos te mostrar a seguir
Se você acredita que a diversificação é uma ferramenta que deve ser utilizada apenas entre classes de ativos (ex: ações, títulos de renda fixa, alternativos, ativos internacionais), ou mesmo considerando apenas a parcela de renda variável da sua carteira, saiba que os efeitos da diversificação na renda fixa podem te surpreender.
Como já explicamos aqui, a diversificação é uma ferramenta poderosa para os seus investimentos, trazendo proteção, podendo reduzir a volatilidade da sua carteira, diversificando os fatores de risco ao qual se está exposto, e de quebra pode gerar uma rentabilidade potencial ainda maior no longo prazo.
Mas será que esses efeitos também são sentidos quando pensamos em diversificar entre os ativos de renda fixa? Vamos te mostrar a seguir.
Diversificação na renda fixa?
Os investimentos em renda fixa consistem em empréstimos (dívidas), nos quais você empresta seu dinheiro para uma empresa ou governo e, em troca, recebe seu valor investido com juros em um determinado prazo.
Para se proteger do risco de um eventual calote, você pode diversificar em diferentes empresas, setores, instituições e países. Além disso, também é possível diversificar entre diferentes indexadores para se proteger de outros riscos de mercado.
Os indexadores são os índices aos quais as suas dívidas estarão atreladas para calcular os juros devidos. Na maioria das vezes, um investidor comum encontrará opções de renda fixa atreladas ao CDI, Selic e IPCA, além de títulos com uma taxa prefixada.
Os investimentos chamados “pós-fixados”, atrelados ao CDI ou Selic, tendem a se beneficiar em momentos de juros altos – uma vez que seguirão a rentabilidade da taxa Selic. Já os investimentos atrelados ao IPCA, por terem também uma componente prefixada, oferecem um retorno mínimo acima da inflação acumulada no período de duração do título, garantido um ganho real, especialmente quando levado ao vencimento, protegendo seu dinheiro contra a inflação. Por fim, os investimentos prefixados oferecem uma taxa fixa contratada, sem nenhuma componente pós fixada, podendo ser uma boa alternativa principalmente quando há visibilidade sobe possíveis ciclos de queda de juros a frente, pois se consegue travar a uma taxa alta o seu rendimento, em um cenário no qual a Selic dali em diante será menor.
Investir é olhar para frente
Como explicamos nesse outro texto, um erro comum do investidor é olhar apenas para a rentabilidade passada ao investir, ignorando o cenário futuro para aquele tipo de ativo.
Em momentos de ciclo de alta dos juros, é comum notar investidores concentrando seus investimentos em renda fixa pós-fixada. Esse comportamento é compreensível, já que essa classe acaba sendo menos impactada por variações negativas de preço (marcação a mercado) e com isso, oferecendo retornos superiores aos demais indexadores. Além disso, como variam junto com a Selic ou o CDI, quanto maior forem eles, maior será a rentabilidade do título.
Confira no exemplo abaixo como se comportaram 3 carteiras de renda fixa, com diferentes níveis de diversificação em indexadores, durante o último ciclo de alta dos juros.
A carteira que possuía exposição somente a renda fixa pós fixada obteve desempenho melhor do que as demais exatamente pelo efeito que comentamos acima: maior a Selic, maior o rendimento do pós fixado.
No entanto, é importante destacar que esse é um efeito específico provocado pela elevação ou manutenção da Selic em nível elevado, como vimos no último ano.
Entretanto, temos que lembrar que os mercados são cíclicos e assim como passamos por períodos de alta na Selic, temos períodos em que os juros começam a ser reduzidos, normalmente quando a inflação já está mais controlada. É o que estamos presenciando agora, com o ciclo de queda de juros iniciado pelo Banco Central em agosto deste ano (2023), esse pode ser um verdadeiro “ponto de inflexão” na carteira dos investidores, especialmente para aqueles demasiadamente investidos em títulos de renda fixa pós-fixados.
Nosso time de economia projeta um processo gradual de queda da nossa taxa básica de juros (Selic) ao longo dos próximos meses, atingindo 10% ao ano no final do primeiro semestre de 2024. Isso significa que a pessoa investidora deve preparar sua carteira para um novo equilíbrio na sua parcela de investimentos em renda fixa.
Onde investir em renda fixa com a queda da Selic
Saindo do curto período de alta da taxa Selic, fica fácil observarmos como a diversificação na renda fixa tende a beneficiar carteiras de investimentos.
O mesmo exemplo das carteiras acima, considerando – porém – um prazo mais longo (57 meses), incluindo períodos de alta e de baixa e até mesmo de Selic estável em patamares altos e em patamares baixos, fica evidente a importância da diversificação nos diferentes indexadores da renda fixa (pós fixado, prefixado e IPCA+) para atravessar diferentes cenários econômicos, quando olhamos para prazos mais longos.
Como podemos ver, a carteira mais diversificada (que inclui os investimentos atrelados ao IPCA e prefixados) trouxe a maior rentabilidade ao investidor durante esses períodos, mesmo considerando momentos em que também houve quedas da taxa Selic. Tudo isso sem fugir ao risco esperado para a carteira de um investidor de perfil mais conservador ou moderado.