Em documento encaminhado ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), nesta segunda-feira (23), representantes da MVT Investimentos afirmam que foram “desplugados” da XP Investimentos, sem nenhum aviso prévio.
A MVT é o segundo escritório a relatar tal prática realizada pela XP no âmbito do inquérito, que investiga supostas infrações concorrenciais cometidas pela corretora.
Como mostramos no sábado (21), o escritório Okus Capital em resposta à autarquia também afirma que tiveram o contrato rescindido de forma unilateral. Atualmente, ambas as empresas estão plugadas no Banco Safra.
“Fomos desligados da XP sem aviso prévio em fevereiro de 2021. Mandaram e-mail e começaram a ligar para os nossos clientes assim que fomos notificados avisando que a MVT não fazia mais parte da XP e que agora eles tinham a vantagem de serem clientes direto da XP, não mais necessitando ser atendido por um escritório credenciado”, afirma no documento, o diretor da MVT, Marcus Vinícius Tremonti.
Dificuldades impostas
Segundo ele, após o desligamento, a XP “aliciou” parte dos assessores. Essa mesma acusação foi apresentada na resposta dada pela Ethimos Investimentos no inquérito.
As colocações de Tremonti ocorrem no trecho em que o Cade questiona se houve eventuais dificuldades impostas pela XP, em virtude da sua saída da plataforma.
“Aliciar os nossos clientes dizendo que era mais seguro para eles serem atendidos direto pelo escritório matriz, além de atrair os assessores para trabalhar diretamente na matriz, abandonando seus respectivos escritórios”, afirma o diretor.
Retaliação
No documento, ele também considera ter sofrido retaliação por parte da XP.
“Sim. Não fomos avisados de nada e simplesmente nós fomos desplugados da plataforma. Disseram ainda que tínhamos uma multa a pagar a eles, me ligaram dizendo que mandariam um Termo de Quitação e, caso eu o assinasse, eles isentariam da multa”, ressalta.
Segundo o diretor, em razão de não ter assinado o termo de quitação até hoje a XP retém parte dos recursos.
“Não assinamos o referido documento e por esse motivo, até hoje, quase dois anos depois, eles têm dinheiro da nossa empresa preso na conta da XP e não deixam a gente resgatar”, ressalta Tremonti.
Migração
O diretor do escritório afirma ainda que conseguiu levar menos da metade dos clientes para a nova plataforma.
“Não conseguimos migrar muito dos clientes da XP. Nossa migração foi de apenas 30% do que tínhamos. Por esse motivo, nosso negócio quase acabou”, diz o empresário.
Ele também revela parte dos valores sob custódia antes de depois da XP.
“Hoje temos 80 milhões sob custódia. Tínhamos mais de 200 milhões em custódia na XP antes de sermos desligados. Em razão do desligamento sem aviso prévio não foi possível salvar nossos dados e histórico na XP e, por esse motivo, não temos documentos para comparar a situação da empresa antes da saída na XP com o atual cenário”, conclui.
Procurada pela reportagem, a XP Investimentos não se manifestou até o fechamento desta edição.
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