Por Gustavo Sung, economista chefe da Suno Research
De acordo com o relatório Payroll, os EUA criaram 336 mil novas vagas de trabalho em setembro, bem acima da expectativa do mercado que previa algo em torno de 170 mil. E, os dados de agostos foram revisados para cima, para 227 mil ante a 187 mil divulgados anteriormente.
Por outro lado, a taxa de desemprego se manteve estável em 3,8% na passagem de agosto para setembro – mas continua em patamares historicamente baixos. E, o salário médio por hora trabalhada desacelerou marginalmente na comparação anual.Durante a semana também foram divulgados outros dados do mercado de trabalho. De acordo com a ADP, o setor privado criou 89 mil vagas de trabalho em setembro, bem abaixo das expectativas do mercado de 160 mil.
O Payroll e o ADP têm uma certa correlação, mas não necessariamente andam sempre juntas. E, o dado mais importante para o banco central norte-americano é o primeiro.
Logo, o dado divulgado hoje é preocupante pois o mercado de trabalho continua forte. O Fed precisa de mais sinais de arrefecimento deste segmento para ter segurança nos próximos passos da política monetária. Em nosso cenário, o juro deve se manter no patamar atual até o fim do ano e cortes devem demorar a acontecer. Porém, a probabilidade de uma nova alta aumentou. Revisaremos o nosso cenário para o juro norte-americano após os dados de inflação da semana que vem.
A preocupação da autoridade monetária se dá pelo fato de que economia segue resiliente, a criação de empregos continua forte, a taxa de desemprego está estável, mas segue nas mínimas históricas, e a inflação caiu porém se mantém elevada. Além disso, mais recentemente, a alta do preço do petróleo – na casa de US$ 90 o barril – gerou preocupações pois pode levar a novas pressões inflacionários.
Todos esses fatores são riscos para o combate à inflação, trazendo certa indefinição sobre a trajetória do juro nos EUA. Para evitar um novo aumento do juro ou até uma queda mais rápida, o mercado de trabalho precisa desaquecer e a inflação desacelerar.